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Pedro Rolo Duarte

16
Dez10

O meu último encontro com o Carlos

Não vou dizer nada a mais. Vou reproduzir, na integra, o post aqui publicado no dia 29 de Maio de 2008, sob o titulo Coisas Fantásticas. Foi a ultima vez que estive com o Carlos Pinto Coelho. De quem vou ter tantas saudades. De quem neste momento não consigo mais do que lembrar este ultimo encontro – mas sobre quem prometo, um destes dias, doces memórias e mais um abraço...

 

“Vim a Beja fazer dois em um: cumprir a promessa de uma conversa na Rádio Pax com Madalena Palma, e participar no “Acontece” ao vivo que Carlos Pinto Coelho promove, aqui na Biblioteca Municipal, uma vez por mês. O Carlos é um dos meus queridos padrinhos – responsável pela minha estreia televisiva nos idos de 80 (foi há mais de vinte, é verdade), acreditou neste puto num tempo em que obviamente não sabia do que era capaz. Nunca esquecerei a sua generosidade. De resto, o amor que tem a esta profissão, além da competência e de tudo o que lhe deu, mereceriam por si um blog inteiro... Um dia, a RTP ainda vai ter de lhe reparar a injustiça cometida há uns anos. Mas isso é outra conversa.

Beja, portanto.

O que retenho deste raid alentejano a meio da semana são estas três notas:

Primeira. Medeiros Ferreira, um dos convidados deste “Acontece”, é um deslumbrante contador de histórias. Se os Bichos-Carpinteiros revelaram o talentoso afiador de facas – neste caso, frases curtas e certeiras -, a noite de Beja mostrou um finíssimo contador de histórias, a começar mesmo pela história do seu envolvimento no mundo dos blogues, e a acabar nas memórias açorianas que começam e não terminam. Não vou contar nada do que ele desfiou, publica e privadamente, pois o jeito é só dele. Mas tive vontade de sair discretamente do palco e ir para a plateia, ficar o resto da noite a ouvi-lo.

Segunda. Há muito tempo que não sentia prazer numa conversa de rádio em que eu não sou o moderador/entrevistador/autor. Estar do outro lado e responder ao desafio, contar a historieta, deixar correr a conversa. Ou apenas responder à pergunta que nos fazem. Madalena mostrou-se uma excelente radialista, das que sabe levar a água ao seu moinho - com essencial preparação prévia, e um olhar ameno e um ambiente descontraído que deixa o convidado de guardas naturalmente descobertas. Aprendi algo mais sobre este ofício ali, durante 45 minutos, na Rádio Pax. O tempo voou, o que só acontece quando quem sabe o põe a voar. A Madalena sabe. Eu não a conhecia antes.

Terceira. Por mais redes sociais, blogues e sites, portais e virtualidades de toda a espécie que continuemos a inventar por essa Internet fora, estar ali, “ao vivo e a cores”, na Biblioteca Municipal de Beja, a conversar com 40 ou 50 pessoas, ouvir uma mulher de certa idade desabafar os seus medos em relação ao computador depois de uma vida inteira como dactilógrafa, olhar nos olhos dos outros, e ouvir rir, perceber o fastio de quem sentiu que veio ao engano, ou a surpresa de quem descobriu algo, bom… A vida real, sem ecrãs nem @ nem dot.com, aquela que tem carne e osso e pele, merece eternamente a exclamação interrogativa do anuncio: há coisas fantásticas, não há?”

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