Entregues aos bichos
O problema principal não está nas eleições que vamos ter mais cedo do que era suposto.
O problema é que a opção de voto se vai colocar de novo entre o PS de José Sócrates – ou seja, o PS que está e provou ser incompetente, ineficaz, prepotente e muito pouco sério – e dois partidos à direita que não oferecem soluções alternativas, pelo contrário nos recordam passados pouco ou nada recomendáveis: o CDS continua a ter na liderança o homem que foi aquele tal ministro de Santana Lopes (e não é preciso puxar pelos submarinos para lembrar o que fez e não fez...); e o PSD exibe o estreante Passos Coelho que, por mais bem-intencionado que seja, e acredito que é, não deixa de estar rodeado, salvo raras excepções, pelas mesmas caras e casos que deram corpo ao PSD que também contribuiu para o estado das coisas nas últimas décadas.
Não há gente competente, séria, desinteressada, que se chegue à frente e ajude a mudar estes partidos? Parece que não. Fica tudo no recato das empresas, com esporádicos comentários soltos e presenças nos painéis do Prós e Contras.
Ou seja, mais do mesmo. O problema de Portugal não está nas eleições – está nos putativos eleitos que vamos ter. Se o meu pai fosse vivo, diria a sua frase de sempre: “estamos entregues aos bichos”.