22
Jan09
“Às vezes só me faltava eu”
Quem escreve passa a vida a procurar razões para a escrita, lógicas para este impulso, e argumentos que expliquem por que raio, em vez de dormir ou ler, em vez de ver um filme ou dançar, nos sentamos a escrever. Qualquer pessoa que faz da escrita modo de vida sabe que o mais fácil é complicar, elaborar, encontrar razões dentro e fora da razão. O meu pai passou-me uma frase que o guiou nos 56 anos que viveu: “difícil, meu filho, é escrever pouco”.
Se ele aqui estivesse, eu agora respondia-lhe: “pouco, meu pai, só sei escrever quando estou muito inspirado. No resto dos dias, limito-me a escrever”.
Mas na verdade o que eu muitas vezes queria era também perceber porquê.
Hoje fui ajudado. No dia em que o seu blog fez um ano de vida, Patti aproveitou para perceber a lógica dos seus impulsos, a razão da sua escrita:
“Escrever não será nada mais que isto. A forma que sem saber, encontrei de estar mais tempo comigo. Às vezes só me faltava eu”.
Vou juntar esta ideia às que fazem companhia à frase inicial do meu pai. Gosto de coleccionar pensamentos bons.