Dona Inês
Neste folhetim da deputada Inês de Medeiros, o que verdadeiramente me inquieta não é o parecer de Jaime Gama ou o debate no Parlamento sobre se se deve ou não pagar os bilhetes de avião para Paris – o que me inquieta e assusta, para não dizer que muito desanima, é que o episódio é criado e protagonizado por uma mulher que não vem do universo da política, que se estreia nestas andanças, que pertence à minha geração - ou seja, de alguém para quem a política deveria ser vivida de forma, no mínimo, despojada e livre da pequenez de princípios.
Afinal, em vez de integridade e independência, saí-nos na rifa mais do mesmo. O pequeno esquema: acumular direitos, ter o melhor dos dois mundos. O “dá cá o meu”. O “quero lá saber”. O “direito adquirido” sem qualquer espécie de reserva. O pior do velho Estado e das velhas pessoas do Estado.
Dá-me igual se a deputada”tem direito” ou “não tem direito” – dela esperava que dispensasse o direito, caso o tenha, e tivesse orgulho no dever, se soubesse do que se trata.