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Pedro Rolo Duarte

29
Mai11

O meu voto (caso isso interesse a alguém)

Sempre defendi que aos jornalistas não deve estar vedado, antes deve ser incentivado, o direito de tornar publico o seu sentido de voto. Enquanto colunista de jornal nos últimos trinta anos (enfim, agora menos, mas mais blogger...), divulguei sempre o meu voto, por entender que na transparência da nossa conduta radica a credibilidade profissional que possamos ter. Votar é uma escolha, não é um acto de militância – ou seja, não impede, pelo contrário até estimula, a independência e a análise imparcial.

Assim, quem me leu e lê sabe que votei quase sempre no Partido Socialista. Nunca, por causa disso, fui beneficiado – pelo contrário, por coincidência ou não, os melhores momentos da minha vida profissional ocorreram em momentos de governação à direita – O Independente, a K, a Visão... -, e do mesmo modo nunca me senti discriminado. Quem me conhece e quem comigo já trabalhou sabe que distingo as coisas e sou rigoroso nessas matérias.

Faltam poucos dias para as eleições e decidi que, uma vez mais, deveria manifestar publicamente o meu voto. Explicando previamente que, no essencial, não mudei. Continuo a considerar-me de esquerda democrática, ou moderada, ou liberal, como lhe queiram chamar. Acredito num estado laico, pouco interventivo, mas dinâmico e assertivo no essencial que deve ser de direito comum: educação, saúde, justiça, segurança social. Defendo um Serviço Publico de Rádio e Televisão, mas não concordo com a subsidiação cultural obrigatória. Defendo o Serviço Nacional de Saúde, mas não me custa aceitar que as taxas moderadoras possam valer 100 euros para quem ganha mais de 3000 euros mensais – se isso significar zero euros para quem ganha o ordenado mínimo nacional. Gostava que os políticos tivessem vencimentos mais generosos – mas também queria vê-los efectivamente julgados quando gerissem mal os dinheiros públicos, e aprovaria uma lei que os obrigasse a uma travessia no deserto depois de um desaire efectivo e provado. Defendo uma reforma na justiça que a torne efectivamente para todos – ou seja, mais rápida, eficaz e preventiva. Defendo a educação universal e gratuita, mas não aceito o facilitismo que conduz ignorantes às Faculdades. Concordo com o subsídio de desemprego e o rendimento de inserção – mas gostava que ambos se aplicassem com rigor, valorizando o trabalho sem que a casta educacional ou social garantisse a recusa do trabalho ou a perpetuação da negligência. Num momento critico como o actual, não posso achar razoável que haja lojas ou oficinas ou fábricas sem empregados enquanto pessoas formadas se dão ao luxo de recusar empregos porque estão abaixo das suas qualificações académicas...

Foram só alguns exemplos, para explicar que nada disso está em causa no Governo que aí vem – e que basicamente vai cumprir um programa previamente definido pelo FMI e seus pares. Não há o risco nem de ruptura nem de inovação. O meu voto, por isso, é de exclusão, ainda que seja convicto.

Jamais voltarei a votar no PS enquanto José Sócrates for seu líder. O actual primeiro-ministro, em quem confiei no passado, constituiu a maior desilusão política dos meus 30 anos de direito de voto. Não apenas secou à sua volta todo um Partido como conduziu Portugal ao beco em que se encontra. Foi provinciano na forma como se exibiu publica e profissionalmente, faltou à verdade vezes sem conta, nunca teve a humildade de reconhecer um erro, enganou os portugueses nas expectativas que criou, nos diagnósticos que inventou, nas soluções que improvisou - e adiou ou omitiu sempre a verdade em nome de uma doentia dependência do poder. No que respeita à comunicação social, não me lembro de Governos tão obcecados, vingativos e ameaçadores como os dois últimos.

Estive convictamente convencido de que votaria no PSD até perceber que o cabeça-de-lista por Lisboa seria (o oportunista politico já profissional) Fernando Nobre, e depois de assistir, estupefacto, ao caos, à desorganização, e à falta de autoridade e preparação que Passos Coelho parece fazer questão de demonstrar a todo o momento – dando razão a um blog onde li que os portugueses todos os dias queriam votar mais no PSD, mas o PSD encarregava-se de todos os dias lhes dizer para não votarem. Não poderia votar na CDU ou no Bloco, porque estas duas forças recusaram dialogar com a troika, o que naturalmente as afasta de qualquer solução governativa.

Na coerência dos argumentos, na firmeza da atitude, na liderança em Lisboa de uma mulher de quem gosto e em quem confio, só me resta um partido: o CDS. Não é a minha família politica nem a minha escolha natural (e até cultural...). Mas é o meu voto sincero no partido que, acredito, vai fazer com que o PSD se equilibre e o PS se reestruture.

Nunca pensei, numas legislativas, votar tão à direita de mim próprio – mas também nunca pensei que o PS descesse tão abaixo dele próprio. Espero reencontrar-me à esquerda no futuro.

28
Mai11

Parece a brincar, mas é a sério

Fui ao melhor mercado da Europa que, dizem, é o de Rialto, em Veneza. Não acredito na classificação, tal a voragem turística que tomou conta da cidade, e que impede a vida própria de que carece um mercado de uma localidade. Alguém vive verdadeiramente em Veneza?

Mas é um bom mercado, ainda assim. O peixe é fresco e bem negociado, há flores e muitas categorias de cogumelos, há toda a espécie de frutas.

Vou só ver, não quero comprar nada. Mas dou comigo a olhar os tomates. As espécies. Os preços. As cores.

Os anos – especialmente desde que comecei a gostar de cozinhar – fizeram de mim um dedicado estudioso do tomate. Não é indiferente o tomate coração de boi do tomate chucha, e estes do caro e fabuloso tomate raf, ou do cereja, ou do Santa Cruz.

O tomate tornou-se uma das bases da minha alimentação. Ponho tomate nas sanduíches, com manjericão ou cebolinho; faço todas as saladas com tomate; asso tomate e cebola no carvão para fazer uma salada quase argelina com orégãos, azeite, e sal; uso o tomate na bolonhesa, claro; amo gaspacho; não dispenso tomate na paelha.

Um tomate cherry aberto com uma pitada de sal e um pingo de azeite é aperitivo, snack, ou refeição de praia.

Uma salada de atum sem tomate parece uma noite mal dormida.

Um frango de churrasco sem uma salada de tomate, cebola, orégãos, azeite, vinagre e sal, é uma tristeza.

E sardinhas assadas sem salada com pimentos e tomate é como cozido à portuguesa sem farinheira. Não dá.

Dito isto, percebe-se porque só fotografei tomates no mercado de Rialto.

E também se pode perceber porque acho hoje, mais do que nunca, que Portugal precisa de tomates. Nem que fosse para não oxidar de vez o país.

26
Mai11

The face of the book

(As crónicas que assino diariamente na Antena 1 são, pela sua natureza, marcadas pela oralidade, juntam citações de blogues e redes sociais, e não merecem mais do que os minutos de áudio a que têm direito. Hoje, porém, excepcionalmente, acho que faz sentido replicar aqui, em texto, a crónica que foi para o ar há minutos...)

 

Na segunda-feira passada começou a circular na Internet um vídeo de uma violentíssima agressão de duas adolescentes a uma terceira, perante o olhar divertido de um grupo de rapazes, nomeadamente do que filmava e dizia “isto vai tudo para o Facebook”. E foi. É um vídeo de uma violência sem descrição, e acima de tudo, um momento de verdadeira insanidade, dado que a vítima está sozinha, é agredida por duas raparigas, e ninguém à volta se mexe. Os rapazes que observam a cena gozam, riem, como se estivessem a assistir a um combate de boxe.

O facto de o vídeo ter sido colocado no Facebook tornou fácil a confusão do costume: de repente, a rede social é que era a culpada da cena, ai Jesus, vamos lá diabolizar a internet.

Nada disso, claro. O que temos de pensar é obviamente como se educam os jovens em Portugal, como se permite que a violência gratuita não provoque mais do que risada e gozo. Neste caso, o Facebook até foi útil – porque a estupidez dos adolescentes, ao mandarem o vídeo para a net, tornou-os imediatamente cúmplices e culpados. Pior: um grupo de anónimos criou na hora um blog, o Rudolfo e as suas Renas, onde se reproduziram em JPG’s os diálogos entre os vários jovens no Facebook – diálogos que, quando o vídeo chegou à televisão, foram prontamente apagados. Quem se der ao trabalho de ler esse blog vai descobrir um verdadeiro mundo de violência juvenil, de ignorância e analfabetismo de toda a ordem (é rara uma palavra estar bem escrita ou sequer bem empregue), e uma cultura muito abaixo de rasca. Parece que já foi detido o autor do vídeo, os envolvidos já foram identificados – não é difícil: através do blog conseguem identificar-se, via facebook, todos eles – e o caso segue nos tribunais.

Mas o que fica deste episódio, na internet mas especialmente nos jornais, é uma vez mais essa diabolização de uma rede social por manifesta incompreensão do que está em causa. O que se passou em Benfica foi uma briga de adolescentes, assistida por outros adolescentes que gozaram o prato de forma animalesca, sem dó nem piedade. Dá que pensar? Claro que dá. Agora, traduzir isso para um crime inspirado pelas redes sociais, é não apenas confundir a estrada da beira com a beira da estrada, como é um mau trabalho jornalístico. Razão tem no seu blog Helena Sacadura Cabral quando escreve: “Vantagens e, simultaneamente, inconvenientes, das redes sociais e portanto da internet. Mas que fazem pensar naquilo que queremos para nós como comunidade!”.

E é exactamente isto: o exibicionismo barato de um vídeo permite a estes pequenos criminosos serem gente por um dia e exibe o nível de valores e o tipo de ética que (não) lhes assiste – mas sem ele, talvez nunca chegássemos a debater que raio de jovens andamos a educar. Entre a ignorância e a informação que preferíamos não ver, apesar de tudo é melhor saber com o que contamos por aí. Nem que seja para, como faz Nuno Dias da Silva, defender a diminuição da “idade penal para os 14 anos para deixar de mandar estes inimputáveis para casa como se nada fosse”. É uma primeira ideia. O debate devia continuar. Não por causa do Faebook, mas graças a ele.

26
Mai11

Escravos do tempo

 

(Crónica originalmente publicada na revista Lux Woman. Fotografia do autor sob o titulo "Roupa a secar ao ar livre"...)

 

“Somos, por pouco que o queiramos, servos da hora e das suas cores e formas, súbditos do céu e da terra. Aquele de nós que mais se embrenhe em si mesmo, desprezando o que o cerca, esse mesmo se não embrenha pelos mesmos caminhos quando chove do que quando o céu está bom” – se há obra de Fernando Pessoa que me acompanha para todo o lado, é o Livro do Desassossego de Bernardo Soares. Há anos suficientes para reconhecer nesta citação um bocadinho do que somos, como quase tudo em Pessoa. Desta ideia me lembro sempre que o tempo muda, ou sempre que me vejo a falar do tempo como superior hierárquico dos dias. No taxi onde o motorista saúda o dia de Sol que supreendeu em Fevereiro, na esplanada que a empregada desaconselha porque vem aí aguaceiro, no elevador onde me cruzo com um conhecido que apenas diz “não nos bastava a crise, ainda estes dias cinzentos...”.

Não fui sempre assim, ligado ao tempo. Quando me estreei na rádio, em 1984, pela mão do saudoso Henrique Mendes, lembro-me de uma recomendação que me fez reiteradamente e cuja lógica me escapava: “Pedro, nunca se esqueça de dizer, pelo menos duas vezes por hora, a previsão da meteorologia para o dia seguinte e a temperatura no momento”. Confesso que, aos 20 anos, achava ridícula a sugestão. Tinha coisas muito mais interessantes para dizer, como as datas dos espectáculos dos grupos cujas canções passava ou mensagens subliminares para a namorada do momento. O estado do tempo era irrelevante para determinar os meus dias, e não percebia essa obsessão dos mais velhos com o tempo. Ouvia o meu pai referir-se a “eles”: “eles dão chuva”, “eles disseram que a temperatura se mantinha”, e não percebia o tempo perdido com esse outro tempo.

Com o passar dos anos, dei por mim a ganhar proximidade com este tipo de informação, interesse pelas temperaturas, um olhar mais ou menos tímido à previsão para o fim-de-semana. No Verão fazia sentido ver as tabela das marés, para perceber o mar, e já agora espreitava a meteorologia. Quanto mais anos passavam, maior se tornou o meu interesse pelo estado do tempo. Hoje, tenho três aplicações no telefone para saber as previsões, não falando dos atalhos no computador

Não me foi difícil perceber o que mudou em mim para evoluir da dispensabilidade da meteorologia para a certeza absoluta sobre a sua relevância. Bastou-me este Inverno, e o seu final. Bastou-me a crise profunda em que mergulhámos, o dinheiro que nos faltou e nos falta, o desemprego que nos assola, a politica que nos desencanta. Bastou-me ver o momento do país somado ao Inverno – e de como tudo mudou quando os primeiros bocados de Sol e Primavera chegaram.

Portugal está na mesma, ou está pior. Mas o tempo foi mudando e, como Pessoa bem dizia e o meu primeiro chefe me recomendava, não andamos “pelos mesmos caminhos quando chove do que quando o céu está bom”. Nada mudou na essência da nossa condição actual – mas haver Sol e azul no céu, ser possível passear na rua e sentar num banco de jardim, poder voltar a olhar o mar sem ser abrigado no carro ou no restaurante, enfim... Fazer do tempo o aliado que nos permite, com maior força e empenhamento, resistir a esta outra tempestade que se abateu sobre nós, é o antidepressivo mais barato e eficaz que temos ao dispor. E ansiolítico também. E até comprimido para as dores de cabeça. Olhemos os primeiros dias de sol como Pessoa olhou – e como me ensinaram os mestres da comunicação – e saibamos dar-lhe o valor que têm. Porque é, mais coisa menos coisa, o valor da vida no que de melhor pode ter.

16
Mai11

Premonições

 

Rezam as lendas – não rezam nada, conta a minha mãe... – que eu não queria nascer. Aos quase dez meses de gestação continuava tranquilo na barriga materna, longe do ruído exterior, do regime salazarista e até mesmo do Benfica.

Foi então que o médico que acompanhava a senhora declarou guerra à minha tranquilidade e “forçou-me” a nascer. Lá nasci. Todos os anos, no dia do meu aniversário, a minha mãe recorda este percalço.

Agora, volvidos 47 anos, e olhando Portugal, não pretendo reclamar a beatificação mas considero premonitória a minha resistência a vir a este mundo. Eu lá sabia onde estava melhor. E quentinho.

13
Mai11

O surfista

Tenho observado o discurso e a postura de José Sócrates. Não lhe escapa uma falha ou uma escorregadela do adversário – e em cima de qualquer brecha, constrói um novo cenário. Quem o oiça falar e nunca o tenha visto julgará que está pela primeira vez a disputar eleições. O homem não se cansa.

O adversário parece já ter nascido derrotado. Uma pena.

No outro dia postei no Facebook algo assim: “Já não sei onde é que li, mas faço minhas as palavras alheias: se eu pudesse, emigrava para o Portugal de José Sócrates. É que é um país tão melhor, que tá-se bem lá de certeza. Este Portugal real é que não dá com nada...”

... Mas agora parece-me que é pior: José Sócrates não apenas vive num outro Portugal, diferente daquele onde vivo, como recria o seu próprio país conforme os dias. Ora Portugal estava já condenado ao FMI, ora passou a estar, ora nunca esteve, ora jamais estaria (se ele fosse primeiro-ministro...). Sócrates fala como primeiro-ministro, ex-primeiro-ministro, líder de oposição, futuro líder de oposição, líder recente da oposição, imigrante acabado de chegar, Zé Maria a sair do Big Brother. Às vezes fala como Passos Coelho devia falar, outra vez cala-se como não se cala Catroga. Nuns dias Portugal sorri, noutros tem o abismo a um passo. Não se sabe nunca que Sócrates vamos ter amanhã – depende do que se queira, depende do que seja preciso.

É o mais completo surfista em cima de um tsunami: por sobre a tragédia, ele vai na prancha, sempre em pé. E até sorri. Sabe que um tsunami deixa cadáveres pelo caminho – mas são outras pessoas, de um país que podia ser o dele mas rapidamente deixa de ser, deve ser do PSD, deve ser da crise internacional. O tsunami avança, e ele, sempre em pé, vai na onda. Morreu alguém? Foi culpa da oposição. Ou da crise internacional.

Ele vai na onda, ele está bem. O pior que lhe pode acontecer é ganhar as eleições. Não há um Portugal de José Sócrates – há apenas um José Sócrates. E o tsunami que tudo leva à sua passagem. Mas ninguém vê.

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Blog da semana

Gisela João O doce blog da fadista Gisela João. Além do grafismo simples e claro, bem mais do que apenas uma página promocional sobre a artista. Um pouco mais de futuro neste universo.

Uma boa frase

Opinião Público"Aquilo de que a democracia mais precisa são coisas que cada vez mais escasseiam: tempo, espaço, solidão produtiva, estudo, saber, silêncio, esforço, noção da privacidade e coragem." Pacheco Pereira

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