Regressando à série “Os otários que paguem a crise” (parte VII)
Quando, há um ano, decidi que seria eu próprio a tratar de levar o carro à inspecção obrigatória no seu quarto “aniversário”, avancei com segurança absoluta: não apenas o veículo estava em condições, como nem um sinal de alerta se manifestava dentro ou fora dele.
Porém, no fim da inspecção, o carro “chumbou” porque a direcção não estava alinhada. Estranhei, mandei alinhá-la, voltei lá, paguei o suplemento respectivo, e fui à minha vida. Basicamente, perdi tempo, dinheiro, e um ansiolítico.
Mas desde esse dia que “não se me acaba o espanto” (expressão roubada, por isso entre aspas) com o numero de carros que vejo circular por aí sem piscas, sem sinais de stop, deitando fumo por tudo quanto é lado, com escapes rotos, enfim: em condições que obviamente pediam reparação, revisão, e chumbo na inspecção. Táxis incluídos.
Leio agora no Público esta noticia que conta que, no Porto, “havia veículos que passariam na inspecção sem nunca entrarem no centro que os aprovava. A troco de umas dezenas de euros, os inspectores fechariam os olhos e tratariam da papelada sem que a viatura fosse sujeita a qualquer teste. A Polícia Judiciária (PJ) que investiga este caso há uns meses, efectuou esta quarta-feira uma operação no centro localizado na zona industrial do Porto. E deteve, em flagrante delito, nove inspectores que lá trabalham, indiciados pelo crime de falsificação de notação técnica. No centro do processo estão, contudo, suspeitas de corrupção”.
É certo que estou em Lisboa e fiz cá a inspecção. Mas esta noticia deixou-me, uma vez mais, com a pulga atrás da orelha. Um otário nunca anda só. Ou nunca conduz só. Como queiram.