20
Jan08
A língua que melhor falo
Uma das minhas ocupações diárias é “vasculhar” a blogoesfera à procura de mais uma linha, um traço, que ao final de cada dia me permita mostrar, na rádio, um desenho - sempre incompleto, porém empenhado -, da actualidade vista através dos olhos dos autores de blogs. Nessa rotina diária passo muitas vezes por blogs onde encontro textos que gostava de ter sido eu a escrever. Às vezes encontro-me com eles no exacto momento em que me sinto como eles se sentem. E guardo-os.
Foi o que aconteceu na sexta-feira passada, quando tropecei no blog “A Curva da Estrada” (bocadinho de Pessoa: “A Morte é a Curva da Estrada. Morrer é só não ser visto”), assinado por Leonor. Estava então escrito assim:
“O silêncio é a língua que melhor falo. Sem declinações, casos, tempos verbais, conjugações ou gramáticas espartanas. Não tem vírgulas, hífenes ou apóstrofes. No silêncio não há recriminações, desconhecem-se acusações, ignoram-se lamentos. No silêncio as lágrimas correm silenciosas e mudas, não se calam à primeira ordem. No silêncio não há tons de voz estridentes ou palavras desconjuntadas, articuladas em amálgama com as lágrimas. Apenas no silêncio digo exactamente o que quero dizer”.
Os meus dias vivem de palavras e de saber dizê-las e escrevê-las. Ou tentar. Mas há dias...
É assim que hoje me sinto, no silêncio que diz “exactamente o que quero dizer”. Fui à procura do texto, e trouxe-o para o pé de mim.
Foi o que aconteceu na sexta-feira passada, quando tropecei no blog “A Curva da Estrada” (bocadinho de Pessoa: “A Morte é a Curva da Estrada. Morrer é só não ser visto”), assinado por Leonor. Estava então escrito assim:
“O silêncio é a língua que melhor falo. Sem declinações, casos, tempos verbais, conjugações ou gramáticas espartanas. Não tem vírgulas, hífenes ou apóstrofes. No silêncio não há recriminações, desconhecem-se acusações, ignoram-se lamentos. No silêncio as lágrimas correm silenciosas e mudas, não se calam à primeira ordem. No silêncio não há tons de voz estridentes ou palavras desconjuntadas, articuladas em amálgama com as lágrimas. Apenas no silêncio digo exactamente o que quero dizer”.
Os meus dias vivem de palavras e de saber dizê-las e escrevê-las. Ou tentar. Mas há dias...
É assim que hoje me sinto, no silêncio que diz “exactamente o que quero dizer”. Fui à procura do texto, e trouxe-o para o pé de mim.