21
Jan08
Fazer negócio
No mundo do comércio há uma verdade “lapaliciana” que diz: ninguém compra o que não está à venda. Ou seja: é virtualmente impossível ter compradores se os vendedores não estiverem disponíveis, ou não tiverem produtos para vender.
Este é, de resto, um dos muitos problemas que explicam o insucesso da venda de jornais em Portugal: se nas grandes cidades é fácil encontrar um jornal ou uma revista, quando se entra no país “profundo” sente-se o efeito da política massificada da distribuição - quer dizer, nota-se que ela não chega onde o lucro não é garantido.
Exemplo que eu vivi: em Alcoutim, que tem pouco menos de 4000 habitantes, não é possível comprar qualquer jornal ao sábado (excepto talvez os desportivos), dado que a limitada remessa que chega à vila está inteiramente reservada para clientes habituais. No Verão, em muitas vilas da costa alentejana a aventura de comprar um jornal só é comparável à “cota” de produção de pão, que mantém os níveis de Inverno.
Mas... não era de jornais que queria falar (um dia destes, quem sabe...).
Lembrei-me desta ideia (do “ninguém compra o que não está à venda”) ontem, domingo, depois de uma tarde que meteu compras nas Amoreiras e na FNAC do Chiado. Entre mim e M., estamos a falar de pelo menos 150 euros.
Ora, a nossa intenção inicial era dedicar algum tempo a explorar com calma a nova livraria Byblos. Provavelmente, deixar lá o dinheiro que acabámos a distribuir por duas superfícies comerciais.
Era uma boa intenção. Mas a livraria mais moderna, mais XPTO, cinco milhões de investimento, robots e companhia, 3300 m2, 150000 títulos, 36 ecrãs tácteis, 50 plasmas informativos, bom, essa livraria... fecha ao domingo.
Eu sei que é o dia do Senhor. Mas é também o dia em que a FNAC do Chiado transborda, é o dia em que o meu filho, se o deixar, se senta a ler todo o dia nos sofás da Bulhosa, é o dia em que sou capaz de perder meia-hora à procura do livro de dietas que nunca mais encontro. É o dia em que sabe bem mexer em livros, discos, jornais, revistas. E comprar.
Este é, de resto, um dos muitos problemas que explicam o insucesso da venda de jornais em Portugal: se nas grandes cidades é fácil encontrar um jornal ou uma revista, quando se entra no país “profundo” sente-se o efeito da política massificada da distribuição - quer dizer, nota-se que ela não chega onde o lucro não é garantido.
Exemplo que eu vivi: em Alcoutim, que tem pouco menos de 4000 habitantes, não é possível comprar qualquer jornal ao sábado (excepto talvez os desportivos), dado que a limitada remessa que chega à vila está inteiramente reservada para clientes habituais. No Verão, em muitas vilas da costa alentejana a aventura de comprar um jornal só é comparável à “cota” de produção de pão, que mantém os níveis de Inverno.
Mas... não era de jornais que queria falar (um dia destes, quem sabe...).
Lembrei-me desta ideia (do “ninguém compra o que não está à venda”) ontem, domingo, depois de uma tarde que meteu compras nas Amoreiras e na FNAC do Chiado. Entre mim e M., estamos a falar de pelo menos 150 euros.
Ora, a nossa intenção inicial era dedicar algum tempo a explorar com calma a nova livraria Byblos. Provavelmente, deixar lá o dinheiro que acabámos a distribuir por duas superfícies comerciais.
Era uma boa intenção. Mas a livraria mais moderna, mais XPTO, cinco milhões de investimento, robots e companhia, 3300 m2, 150000 títulos, 36 ecrãs tácteis, 50 plasmas informativos, bom, essa livraria... fecha ao domingo.
Eu sei que é o dia do Senhor. Mas é também o dia em que a FNAC do Chiado transborda, é o dia em que o meu filho, se o deixar, se senta a ler todo o dia nos sofás da Bulhosa, é o dia em que sou capaz de perder meia-hora à procura do livro de dietas que nunca mais encontro. É o dia em que sabe bem mexer em livros, discos, jornais, revistas. E comprar.
É o dia em que se espera que a Byblos, a moderna Byblos, não feche.
Porque, na verdade... não se consegue comprar numa loja fechada. E não há ecrãs tácteis que vençam a resistência de quem bateu com o nariz na porta, e imediatamente se lembrou: ah, é verdade, Chiado, Fnac...
Eu torço pela Byblos (que tem sido vilipendiada por meio mundo, sem que eu perceba porquê). Eu gosto do conceito e até gostava de ajudar a Byblos a ser o sucesso que merece ser.
Mas peço daqui aos senhores que mandam naquilo para fazerem o obséquio de acordar.
Em rigor, acordar também... ao domingo.