Higienização
Primeira nota: o jovem deputado que tomou conta do recado, pelo CDS, era lamentavelmente novo e sem jeito. Falava mal e atabalhoadamente. Uma sombra do talento oratório de Paulo Portas. Descredibilizou a coisa.
Mas, para mim, o pior foi a lista que fui fazendo do que desapareceu de vez da minha (já de si pobre) existência (só alguns itens, assim de memória...):
1. A Cabidela do Sacas, descrita num dos primeiros números da bela revista “Preguiça”: encomendada de véspera à Dona Ana, que matava propositadamente a galinha perfeita para o melhor arroz do planeta, com ovos a nadar à superfície e um sabor com o qual ainda hoje sonho...
2. O Cozido à portuguesa de certo restaurante lisboeta cujo dono fazia questão de ir, na madrugada de segunda para terça-feira, directamente aos fabricantes caseiros de enchidos, abastecer-se clandestinamente. Não havia facturas nem IVA’s nem nada – havia apenas o mais perfeito Cozido. Já não há, que o tipo tem medo de “ser apanhado”.
3. A Galinha corada da Dona Luísa. A senhora até já morreu, mas se fosse viva estaria agora à beira da falência.
4. A Galinha corada da Dona Mimi, no Parque Mayer. Fechavam-lhe a casa pela certa.
5. O pão do meu amigo P. - se ainda existe, não pode mais ser fabricado. Nem explico porquê. Não havia lá ratos nem baratas.
Batatas sabendo a batatas. Tomates sabendo a tomates. O Medronho da serra algarvia. Beldroegas. Vida. Enfim.
O que eu gostava mesmo era que a Asae inspeccionasse a higiene dos bancos, dos gestores, do cérebro dos funcionários públicos, dos políticos, dos partidos. De certeza que ia encontrar coisas fora do prazo, cheiros esquisitos e sérios atentados à “higiene pública”.
PS – Já tinha falado sobre o tema, mas há dias assim... http://pedroroloduarte.blogs.sapo.pt/16299.html