Regime e governo
Volta não volta reabre o debate sobre a monarquia. Ou melhor, sobre a restauração da monarquia. É um bom debate, porque permite que se “converse” sem gritos: os monárquicos são, regra geral, pessoas muito educadas, boa parte dos melhores fazem o favor de serem meus amigos, e confesso a minha simpatia “emocional” pela causa.
Sucede que não apenas não partilho a causa como não concebo a vida em democracia sem o voto dos cidadãos, das pessoas, enfim, de nós, que cá andamos. Para tudo o que mete governação, por mais simbólica que possa ser, defendo o voto.
Também desanimo com a democracia tal e qual existe, com o centrão que alterna entre si o poder e se vai servindo do tacho sem excepção, também desanimo com o alheamento dos eleitores que se queixam sem terem dado um passo para mudar o que quer que seja. Mas tudo aquilo de que me queixo não passa pela mudança de República para Monarquia – mas apenas pela mudança de atitude: de eleitores passivos a activos, de desinformados a informados, de analfabetos a letrados. O problema português – e nem acho que seja apenas português – não passa tanto pelo regime, mas muito mais pela capacidade de aproveitar o melhor do regime para mudar a governação, quem governa, como se governa.
É fácil: basta googlar Islândia (monarquia que se tornou república por referendo com esmagadores 95% de votos) e aprender com a experiência recente de um país bem formado.
Dito isto, amanhã, se o dia me correr bem, vou à noite beber um copo aqui...