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Pedro Rolo Duarte

24
Jun08

O saber do pão, o sabor do pão (II)

No post original fala-se de pão da Vidigueira, de Torrão, Pernes, Beja, Martim Longo, Maradona notava ainda o "Pão Alentejano" da Casa Xandite da Costa da Caparica. A esses acrescentei o da padaria da Zambujeira-do-Mar, o de um café a meio da Pascoal de Melo (Lisboa), das “Casinhas do Pão”, da padaria Madrilena, na Av. de Madrid, do pão da Encarnação de Mafra, das Pereiras de Monchique, de Azeitão, de Sesimbra. Mas os comentários dos leitores acrescentaram à lista uma nova lista: pão de Casebres, pão na curva de Almoçageme (que me faz lembrar o pão do Penedo, no seu tempo, e o pão quente a meio da noite na padaria do Mucifal, depois de ouvir os UHF ou o Marco Paulo nas festas da aldeia...), o pão da Lagoinha (Palmela, já provei e é excelente), a sêmea do Porto “vendida ao quilo”, as chapatas de Serpa, o pão da Azinhal (aldeia algarvia entre Mértola e Vila real de Santo António), o pão de Janas.

Lembrei-me também do “pão da casa” do Auchan das Amoreiras, do pão de Alcoutim (comido no Vascão a ver o Guadiana pela manhã), de São Miguel (transformado pela Luz em sanduíches no Carvalhal), da Comporta (só numa mercearia, cujo nome agora me escapa).

Depois ocorreu-me um livro, salvo erro, do Bret Easton Ellis, não sei mesmo se não foi no “Menos que Zero”, em que um tipo batia no fundo do poço, caía na vertigem final da vida urbana, e numa certa madrugada passava junto a uma padaria, sentia o cheiro do pão acabado de fazer, pedia um bocado ao padeiro, e sentia que a língua lhe picava com aquele sabor puro e básico. E ele repetia, sem parar: “vou ter de recomeçar tudo, vou ter de recomeçar a vida como se não tivesse existido nada até agora”. Estou a imaginar ou li isto mesmo?

Juro que não sei mas sei que li isto num livro e nunca mais me esqueci.

O pão é o começo e o fim, e pela primeira vez senti uma comoção qualquer, que não sei explicar, com a sequência de comentários e os acrescentos que chegavam. Estava a ler a entrevista que Ferran Adriá deu a Ricardo Dias Felner (“Pública” do último domingo) e pareceu-me que tudo fazia sentido em simultâneo:

“- Gosta que a sua cozinha seja reconhecida como uma arte e como uma ciência?

- Não, a cozinha é cozinha. Isto é algo muito bonito: a cozinha é cozinha”.

Como o pão. O pão é o pão. Nenhum igual a outro. Todos “pão”.

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