A novela
A única palavra que me ocorre para a noite informativa de ontem é esta: previsível.
Previsíveis as perguntas. Previsíveis as respostas. Previsíveis os comentários. Previsíveis as reacções. Previsível o debate. Previsível a posição de cada um em cada debate. Previsíveis as sequências. A clara sensação de deja vu. Um Canal História em alta definição.
Como se estivéssemos perante uma novela (da TVI, porque não...), já se sabe que há beijos e choros e lágrimas e traições e um ou dois cadáveres. A “novela” assenta o seu sucesso na repetição de um modelo narrativo, e basta apanhar cinco minutos de um qualquer episódio para perceber toda a trama.
Nesta noite de Sócrates na RTP, houve novela: cada um cumpriu religiosamente o seu papel, multiplicando o efeito pelos vários canais de notícias, e o resultado foi a sistemática repetição do modelo anterior.
A política é cada vez mais um ritual. Para religião, só lhe falta a fé.