Dia da rádio
Comecei a ouvir rádio num aparelho parecido com este, em casa dos meus pais. Tinha uma tampa em cima, que abria e revelava um gira-discos onde ouvi os primeiros singles da minha vida: George Harrison e Tonicha, Paulo de Carvalho e Mini-Pop, a Pandilla e Beatles, para verem como era um rapaz de gostos diversificados. Talvez demais, mas enfim…
Como os singles eram poucos, a rádio era quase tudo. Ouvia os programas do Julio Isidro, do Luis Filipe Barros, do Jorge Pego, do João David Nunes, da Maria José Mauperrin (mesmo quando percebia pouco do que eles por lá diziam…). Ouvia os Parodiantes, apesar de não lhes achar graça. Ouvia “o que dava na rádio”.
E sonhava com o dia em que fosse a minha vez. Quis o destino - e o Rui Pego, e o Henrique Mendes… - que fosse em 1984, na Rádio Renascença. 31 anos depois, a mesma paixão, o mesmo amor, o mesmo fascínio. A “docemania” de que falava José Nuno Martins.
Mudou tudo, não mudou o que se sente quando se abre um microfone e se tem o mundo pela frente. Talvez por isso este Dia da Rádio me diga pouco - porque para mim não há Dia, todos são os dias.