Agarrem-me
- Havia os militantes da pancada, que se pelavam por uma cena, nem que fosse para disputar uma caneta perdida...
- Havia os que (como eu...) defendiam que “a violência é o argumento dos incompetentes” e tentavam resolver tudo pelo diálogo, mas não fugiam nem tinham medo. Normalmente, enfardavam...
- Havia os mariquinhas, que desapareciam ao mais leve sinal de confronto...
- Havia os rolhas – que eram aqueles tipos que se mantinham à tona de água, qualquer que fosse a maré. Eram amigos de toda a gente e nunca se comprometiam...
- E havia os mais irritantes de todos: os que reproduziam a piada do “agarrem-me senão eu bato-lhe”. Eram os fiteiros: faziam de conta que eram militantes da pancada, faziam de contam que se passavam, faziam de conta que agiam, faziam de conta em regime militante. Mas queriam mesmo era ser agarrados, para poderem continuar a fazer nada e descansar a seguir...
Lembrei-me deste tipo de figuras do Liceu Camões ontem, quando verifiquei, uma vez mais, que Manuel Alegre é dos que gritam “agarrem-me”. Neste caso é “agarrem-me, por favor, senão eu saio, o que é muito pior para mim”. Não há pachorra.