Frank McCourt
Há livros que nos marcam sem que consigamos objectivamente explicar porquê. Há livros que viajam connosco sem pedir licença, e que de vez em quando regressam à mesa-de-cabeceira como se tivessem vida própria.
Na verdade, há livros que têm vida própria na nossa vida e por isso um dia lhes chamamos “os livros da nossa vida”.
Dos livros da minha vida - desses que levo comigo para todo o lado, mesmo quando os deixo em casa - faz parte “As Cinzas de Ângela” (“Angela's Ashes”), a autobiografia romanceada do escritor irlandês Frank McCourt.
Há quem o ache um livro banal. Há quem não lhe reconheça méritos superiores. Dificilmente estaria numa eventual lista de livros “obrigatórios”. Felizmente, no entanto, os livros da nossa vida são só mesmo da nossa vida.
“As Cinzas de Ângela” é um dos livros da minha vida e fiquei triste ao saber que morreu o seu autor. Um daqueles homens que viveu duas vidas. Uma das suas vidas está no livro. A outra foi aquela que lhe deu origem – a capacidade que teve de superar o insuperável e renascer das cinzas. Leio uma frase de McCourt: "Scott Fitzgerald disse que não há segundas oportunidades nas vidas dos americanos. Eu provei que ele estava errado". Provou.