O país interrompido
Em Portugal, não. Chegou Agosto e o país interrompe-se. Fecha-se “para férias do pessoal”. Fecha-se à hora do almoço. Fecha-se porque sempre se fechou. No lugar onde passo os meus fins-de-semana de Verão, a papelaria, que tem este mês o seu momento de glória anual para vender jornais e revistas (especialmente aos fins de semana), não abdica da rotina de Inverno: fecha sábado e domingo à hora do almoço e não reabre; fecha à hora do almoço dos dias de semana e ignora o movimento tardio do veraneante. Queixa-se da crise, seguramente.
Um dos meus restaurantes favoritos fecha para férias, todos os anos, algumas semanas em Julho. Achei que este ano tal não sucederia, para reagir à crise. Enganei-me: bati com o nariz na porta.
Estará o país interrompido ou definitivamente corrompido? Sinceramente, troco o “adeus português” pelo “Verão português”. Porque esta é a época que nos desmancha e desmascara. Que nos exibe e demonstra. Que diz muito sobre nós. E dizendo muito, "aos costumes" vai dizendo nada. Que interesse, claro.