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Pedro Rolo Duarte

22
Ago09

Pedro Santana Lopes e coisas pequenas

O meu post sobre o apoio de João Gonçalves a Pedro Santana Lopes mereceu um comentário do candidato à CML e uma curta resposta minha, a quente, lá junto ao post. Um daqueles cobardolas anónimos do costume decidiu acrescentar algo do género “Essa conversa mole faz-me acreditar que a ameaça do Santana de revelar os teus rabos-de-palha surtiu efeito”, o que me encanitou. E depois veio o chorrilho habitual nestes temas “fracturantes”. Vamos então responder por partes, e às postas, já que aqui não há rabos de palha de qualquer espécie.
  • Escreve Santana que o meu post “define uma pessoa. O que vale é que mudará de opinião pouco tempo depois das eleições, se eu as ganhar, como espero. Já assim foi da outra vez...”

Não houve outra vez. Fiz parte da Comissão da Honra da Candidatura de António Costa nas últimas eleições, apoiei publicamente as candidaturas de João Soares e Jorge Sampaio. Estive contra as obras de fachada de Santana – do túnel do Marquês aos projectos inacabados do Parque Mayer – como também estive contra as promessas por cumprir de Sampaio & Soares, e lembro-me por exemplo da “cidade do rock” (deve ser hoje o Rock in Rio…), como me lembro da ideia de devolver o Tejo aos lisboetas. Tretas... Provavelmente, terei apoiado outras medidas e obras de qualquer um deles. Sou independente, não pertenço a qualquer partido, o que me permite, a cada momento, ter uma opinião livre e acima da fidelidade partidária. Isto custa a perceber aos rapazes dos partidos – Santana está bem acompanhado no PS, infelizmente. E cheira-me que a Joana Amaral Dias deve estar ao meu lado no que ao Bloco diz respeito…

  • Escreve Santana: “Parque Mayer? Megalomania? Noitadas? Torlloni? É preciso descaramento. Um dia destes deixo-me de certos pruridos e conto as verdadeiras razões destes "ódios"”.

Insinuaçãozinha rasteira, para mais sem fundamento. Refere-se a quê? Eu só posso contar uma história, apenas, a única que tive em toda a vida com o agora candidato: a do dia em que Secretário de Estado da Cultura Pedro Santana Lopes me convocou para um almoço na Ajuda e me convidou para escrever o “Livro de Ouro” da cultura, ou seja, do seu mandato. Apesar de ser muito bem pago, não hesitei um segundo e no mesmo dia recusei o convite, alegando a mais óbvia das razões: não achava que tivesse sido dourado o seu mandato. Uns meses mais tarde, a propósito de um texto meu na Visão, Pedro Santana Lopes decidiu mentir descaradamente numa carta à revista dizendo que eu “hesitei nervosamente” antes de recusar escrever o tal do livro. Só mesmo quem não me conhece pode acreditar numa hesitação nervosa num momento desses - comparável a outro almoço que tive com o então Ministro da Cultura socialista Manuel Maria Carrilho. A dada altura, perguntou-me Carrilho: “o que pensa da politica cultural deste Governo?” E eu encolhi os ombros: “tem alguma? Não dei por nada até agora…”.

Portanto, e resumindo: exceptuando esse episódio caricato, que ficou nos arquivos da revista Visão e do ridículo particular, não tenho mais “histórias” com Pedro Santana Lopes, não o odeio e, ainda que deseje a vitória de António Costa, respeitarei qualquer outro Presidente, admitindo mesmo, aqui e ali, concordar com ele.

  • Escreve Santana: “Quanto ao Português do meu blogue, será capaz de apontar exemplos desses atentados à Língua Portuguesa?”

Sou. Começo por citar o próprio no seu blog: “O esforço pedido para se ter cuidado com o Português, nomeadamente, com a ortografia , não isenta o responsável deste espaço de lapsos, ou mesmo erros. Por isso agradeço a atenção de todos a essas falhas, motivadas, como sucederá com todos, pela falta de tempo, ou, às vezes, pelo cansaço que leva a que a revisão, do próprio, nem tudo detecte. Mas vale a pena tentar fazer sempre bem”. Pois vale. Mas não é bonito escrever na língua de Camões “Tive de fazer um esclarecimento por causa do conteúdo de notícias que ouvi na noite de ontem, na televisão, e que diziam que os Deputados, nomeadamente eu, iríamos ser aconselhados sobre o modo como comunicar".

Também garanto que tive uma professora que chamaria “português de trás da porta” a posts deste tipo: “Peguei agora no Público , como se fosse a sério, uma frase que disse, em tom de brincadeira, a uma jornalista do Público, Margarida Gomes. Descobri porque ao pegar no jornal vi, na última página, que estava de seta para baixo. e pensei para mim: o que fiz agora, ainda por cima de férias há uns dias? Felizmente tinha várias pessoas ao pé de mim e ouviram o tom e o conteúdo bem disposto desta e doutras frases... Disse que, agora que não vou ser candidato a qualquer cargo, talvez possa receber uma medalhazita no próximo ano. Alguém a sério pode pensar que alguém pensa ou diz isso a valer? Rimos dessa e de outras frases, sobre mergulhos no Rio Tejo, e outras. Uma vez, a falar bem disposto, em repouso, ao pé de família e de amigos... Que horror! Ao ponto a que isto chegou”. E fico por aqui nos exemplos.

  • Escreve Santana: “Já agora: sabem que o autor do post elegeu, aqui há tempos, num programa de rádio, o meu blogue como um dos melhores? Andam mesmo com a raiva dos nervos... Só por isso é que escrevo estas palavras. Porque sorrio enquanto o faço”

Esclareço: eu não elegi o blog de Pedro Santana Lopes "dos melhores". Eu destaco, todas as semanas, na Antena 1, à sexta-feira, um blog - seja pelas suas características, pela originalidade, pela diferença, pela temática. Uma escolha, não um top. Uma forma de ir falando dos novos blogues que aparecem, de sair fora da agenda diária dos factos. Efectivamente, o do dr. Santana Lopes foi uma das minhas escolhas justamente por ser um blog assumidamente pessoal de um político (e um dos primeiros, o que sempre aprecio), por oposição aos blogues "falsos" dos políticos que encomendam os posts aos profissionais da escrita que os rodeiam. Gostei e gosto do blog do Dr. Santana Lopes, justamente pela sua autenticidade, até quando o português anda ali um pouco aos papeis – facto que também elogiei, pois dá personalidade e assinatura ao blog de PSL. Ninguém duvida de que é ele quem escreve aqueles textos.

Só mais isto: tenho apreço e simpatia pela pessoa do Dr. Pedro Santana Lopes, com quem me tenho cruzado ao longo dos anos sempre de forma educada e simpática – o que não tenho é qualquer simpatia e/ou identificação pelas politicas que defende e pelo percurso que efectuou. É provável que aqui e ali esteja de acordo com ele, quer ele ganhe ou perca. É isso que distingue uma pessoa independente.

De resto, o próprio Pedro Santana Lopes parece algumas vezes uma personalidade independente. Pelo menos, independente de si própria – pois este não será certamente o mesmo Pedro Santana Lopes que, há apenas 13 meses, no seu blog, terá escrito este post:

 

“Finalmente alguém esclarece a verdade do que tenho dito: não sou candidato à Câmara de Lisboa. Vem hoje no Público. Custou, mas foi. Já o tinha dito a vários Órgãos de Comunicação mas estava difícil. Um deles perguntou-me sobre as minhas intenções na matéria e eu disse que estava fora de questão. Depois pôs outra questão: "mas não disse que estava em reflexão?" Respondi que sim mas que nem queria ouvir falar em campanhas pois ainda agora tive uma. Notícia: Santana em reflexão sobre candidatura a Lisboa. Outro: "é candidato a Lisboa?" Respondi que não. Nova pergunta: "mas não acha que António Costa é derrotável?" Respondi:" claro que sim. Mas eu não quero". Notícia: "Costa é vencível" e, mais adiante: " Santana equaciona candidatura. O que hei-de-fazer? O defeito é meu, de certeza”.

 

O defeito não sei, mas que “hei-de-fazer”, em português, não existe, tenho a certeza. E que Pedro Santana Lopes é hoje candidato, também. Quanto aos insultos de vão de escada dos comentadores do post, deixo-os lá, porque também dizem muito sobre quem os escreve.

4 comentários

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    V!tor 24.08.2009

    Caro Dr. Santana Lopes
    Apesar de não me moverem quaisquer interesses de defesa a Pedro Rolo Duarte, e com o respeito que um ex-primeiro ministro de Portugal deve merecer, independentemente dos seus méritos ou deméritos, devo referir que não está em causa o seu passado como pessoa. Tenho respeito pela vida pessoal de cada indivíduo, e por isso afasto da discussão os vícios privados da mesma forma que não dou crédito, apenas, às públicas virtudes. A discussão deve centrar-se no seu projecto de cidade, e porque não no seu trajecto político, pois é isso (e só isso) que nos garante a boa aposta que se faz no momento da eleição. Por isso, por ter sido um mau presidente de câmara, e um mau primeiro-ministro, devo dizer-lhe que mal andarão os Lisboetas se o escolherem. Cito apenas 2 exemplos, ícones da sua “visão de cidade”; Os túneis, e o Parque Mayer. Lisboa (a sua Lisboa) ao arrepio das discussões que se fazem nas principais cidades europeias, é a única capital que quer privilegiar os acessos privados e rodoviários ao centro da cidade. Acha, Dr. Santana Lopes, que a cidade comporta mais veículos? Acha Dr. Santana Lopes que construir mais túneis é o sinal correcto que dá aos cidadãos? Acha Dr. Santana Lopes que, a Lisboa que queremos é uma cidade pensada para os automóveis? Por outro lado o Parque Mayer. É certo que a existência de projectos âncora, são mais valias para as cidades. Muitos desses projectos chegam mesmo a tornar-se alavancas de desenvolvimento, todavia nem todos os projectos âncora devem ter uma base pontual. Certo que Bilbau viu o seu volume turístico aumentar após a construção do projecto Ghery, mas quererá, Dr. Santana Lopes, Lisboa comparar-se com Bilbau? Acha mesmo, Dr. Santana Lopes que Lisboa e Bilbau têm os mesmos problemas? Por outro lado, acha que Lisboa carece de mais turismo, ou pelo contrário precisa de mais vida? Um dia os turistas visitarão o sítio onde antes estava Lisboa, porque os Lisboetas, esses já não estão lá.
    Sabe Dr. Santana Lopes, Lisboa por sua culpa, mas também por nossa culpa, não passa hoje de uma aristocrata decadente. Formosa, bonita, mas decadente. Faz-me lembrar aquelas senhoras septuagenárias que se vestem e pintam de forma a terem novamente 20 anos. Mas já não tem. Lisboa vive hoje amuralhada por subúrbios que a estigmatizam. As pessoas andam em Lisboa. Visitam Lisboa, mas não se reconhecem em Lisboa. E não é só a moda da desertificação, é a perda dos costumes, das tertúlias de café, da massa critica que ou está na oposição, ou está no poder, mas é cada vez mais massa, e cada vez menos crítica. Não se esqueça, Dr. Santana Lopes, que o Túnel do Marquês tratou de que as pessoas de fora de Lisboa, chegassem mais depressa ao centro da cidade, mas as pessoas hoje são acima de tudo obrigadas a fugir o mais depressa do centro da cidade, desta cidade que gostamos, que queremos. Dr. Santana Lopes, nem sempre o que parece é.
    Desejo-lhe para terminar, os maiores sucessos profissionais na sua carreira de advocacia.
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    Álvaro Pereira da Silva 24.08.2009

    Vítor,

    V. não tem vergonha na cara? As parvoíces com que pretende entrar em diálogo com o dr. Santana Lopes revelam um espírito mentalmente descontrolado.
    Seja um homem e diga-nos os seus apelidos, não se fique pelo nome próprio, comum a tanto mentecapto.
    E, sobretudo, ganhe juízo.
    Não tenho qualquer relação de amizade ou conhecimento pessoal com o dr. Santana Lopes nem pensava votar nele. Agora, porém, depois do li aqui e da extrema dignidade com que o vi responder às patacoadas com que se pretendeu atacá-lo, não posso hesitar no voto.
  • Sem imagem de perfil

    zé sequeira 25.08.2009

    Sr Vítor

    Explique-me, por favor, qual a diferença entre o túnel do Marquês e os restantes: os velhos túneis do Santos e Castro, os dois do Jorge Sampaio, o do João Soares e o outro do Santana Lopes e mais uns quantos (pequenos) que existem e mais os outros que é necessário fazer em Lisboa, como o do Saldanha? E, já agora, porque é que as grandes cidades europeias e americanas estão cheias de túneis?

    Como não deve saber (será que mora em Sintra como o António Costa?) eu digo-lhe: Como os automóveis circulam neles, os transportes públicos têm melhores percursos à superfície. Simples, não é? Quem (como eu) é utente do autocarro 48 sabe a diferença antes e depois do túnel do Marquês.

    Quanto ao Parque Mayer, você mesmo disse a palavra: Âncora. Eu nasci e vivi a infância e adolescência na zona do Parque Mayer e sei que a âncora era constituída pelos teatros de revista. Como, com a liberdade de expressão, acabou esse tipo de teatro, essa âncora agora podia ser o Casino. Se acha que não, diga uma alternativa?

    Cumprimentos.

    José Sequeira - Lisboa
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