Quatro anos e oitenta milhões mais tarde...
Vejo-as, sinto-as e sofro com elas há anos. Falo das obras da linha vermelha do Metro, que partiram ao meio a cidade ali por alturas do Saldanha...
Leio hoje no jornal que o prolongamento da linha entre Alameda, Saldanha e S. Sebastião pode entrar em serviço este fim-de-semana – sem inauguração e campanha eleitoral? Não acredito... Sei é que a obra une toda a rede do comboio subterrâneo, e agiliza a vida na cidade: entre outras poupanças, o trajecto entre S. Sebastião e a Alameda pode fazer-se em menos 15 minutos do que actualmente, reduzindo para cinco uma viagem que demorava mais de 20 minutos. Lisboa subterrânea deixa de estar dividida nas Avenidas Novas, o que é obviamente de louvar.
O mais extraordinário é que a notícia do jornal termina com o escândalo que a devia abrir: “a extensão desta linha, que segundo os projectos iniciais já deveria ter entrado ao serviço em 2005, tinha um custo previsto de 132 milhões de euros. Esse valor aumentou para 210 milhões”. Ou seja, quatro anos de atraso e mais 80 milhões de euros...
Pergunto: há responsáveis pelo atraso e pela derrapagem? Houve demissões, processos e investigações? Houve, pelo menos, justificações plausíveis para este desvario de tempo e dinheiro?
Seguramente que não. Apenas mais uma conta para todos pagarmos, sem prejuízo dos vencimentos, regalias e prémios dos administradores e gestores do Metro, dos engenheiros e arquitectos, das empresas de construção civil e seus quadros. Ou seja: o costume. Quando é que são mesmo as eleições?