Maioria absoluta
O regresso do Gato Fedorento arrumou num canto as vozes do costume que gostam da frase “já não é como era dantes”. Há que tempos oiço esse “coro dos tribunais” dizer que o quarteto já deu o que tinha a dar, a graça não é a mesma, nos tempos da Radical é que era bom.
Felizmente, o Gato Fedorento conhece bem Portugal e sabe que é “mesmo assim” – e a única solução é continuar, resistir, persistir.
Aí está de novo. “Já não é como era dantes”? É como era dantes, é melhor do que era dantes, e é incontornável até para o mais sisudo dos políticos. Talvez por isso, o anúncio de um encontro entre Ricardo Araújo Pereira e Manuela Ferreira Leite, por si só, já dê vontade de rir. Há sketches que começam mesmo antes de existirem...
Leio no site da SIC as palavras de Ricardo depois de gravar a entrevista com a senhora: "É a segunda vez consecutiva que um líder partidário vem aqui para me achincalhar. Ontem houve referências do senhor primeiro-ministro ao meu suposto estalinismo. Hoje a doutora Manuela Ferreira Leite lamenta a sorte de uns pais que tiveram um filho assim. É muito difícil para mim suportar este enxovalho constante"...
Dá para rir, claro. Pois é. Mas ainda bem que Sócrates e Manuela - seguramente duas das figuras com menos sentido de humor do planeta – perceberam que não podiam evitar este confronto com a evidência: por mais que se levem a sério, não são para levar muito a sério. Nem eles, nem ninguém. Um sinal dos tempos. Um dos raros bons sinais.