Maitê, blogues e a minha caixa de comentários
O “caso Maitê Proença” nunca teria existido se quem o lançou na rede tivesse espírito de jornalista – é que basta ver o programa “Saia Justa” para perceber que aquele vídeo é um entre muitos, do mesmo género, habituais na emissão. É apenas um bocado de mau humor. Mas ainda assim humor. Ou seja, era preciso contextualizar. E depois, era preciso perceber que o vídeo foi feito e exibido... há dois anos. O You tube e os blogues têm este pequeno problema: não sentem necessidade nem têm de enquadrar as imagens e os vídeos. E daí resultam grandes disparates – como uma indignação geral... com dois anos de atraso”. Ou a pura ignorância sobre o que é o “Saia Justa”.
É um pouco como a colecção de disparates que está na caixa de comentários do post anterior: o leitor chega aqui, vê quatro linhas de apoio a António Costa, e vá de insultar: que eu só apoio porque já ganhou, que devo ter uma avença na Câmara, que isto, que aquilo. “Sabujice post-eleitoral, com tudo o que isso significa: interesseira, sem riscos, uma porcaria, enfim”.
Ora, se não fosse tanto o azedume, a má-fé e a ignorância, antes de comentar dava uma volta pelo blog, googlava umas coisas, e percebia que o meu apoio a António Costa vem da candidatura anterior, que em ambas pertenci à Comissão de Honra, facto que está no site da candidatura, e que o escrevi publicamente.
A net é assim mesmo, este caos de liberdade onde vale tudo, o melhor e o pior. Confesso, no entanto, que ao fim de quase dois anos de blog, e de insultos sobre insultos, criticas gratuitas sobre criticas gratuitas, e carradas de maldade travestida de opinião, sinto-me tentado a fechar de vez a caixa de comentários. É um pouco masoquista esta coisa de deixar um quarto da minha casa aberto ao mundo, e permitir que venham cá, como a Maitê, cuspir-me em cima, como se tivessem pago bilhete, como se o blog fosse do Estado, como se eu estivesse ao balcão. Um saco de boxe ao dispor. Sem respeito. Sem educação. Às vezes sem sentido sequer.
É certo que, em paralelo, já houve aqui polémicas saudáveis, criticas inteligentes, elogios e arrasos absolutamente respeitáveis. É certo também que agora a caixa está moderada (mas, por principio, a moderação só se aplica ao palavrão ou à rasquice mais básica). Ainda assim, há dias em que perco a paciência e só me apetece dizer às Paulas e aos Saraivas desta vida: gostam assim tanto de mim que não me largam? Não querem ir brincar com os outros meninos? Uma voltinha ao bilhar grande, não?