Dois anos
“Este relógio com que sonho seria eterno – como já há por aí -, mas marcaria a passagem das horas conforme a alma de quem passasse por elas. Aquelas sestas que me obrigavam a dormir quando era pequeno podiam tecnicamente ser de duas horas, mas que conforto seria ter um instrumento que nos confirmasse que tínhamos aguentado um dia inteiro de inquietude debaixo dos malditos lençóis!
O mecanismo básico deste relógio ideal seria um princípio que não é menos sólido do que qualquer das leis da física: quando estamos a divertirmo-nos, o tempo passa depressa; quando estamos aborrecidos ou a sofrer, o tempo passa devagar. E aqui chegamos à dúvida que me levou a partilhar este meu sonho, na ânsia de algum leitor poder esclarecer-me.
Pois se quanto mais envelhecemos, mais depressa passa o tempo, isto não quererá dizer que, quanto mais velhos, mais felizes nos tornamos?”
E termina a crónica assim: “o tempo, desde que bem pensado e medido, é a única coisa que vale mesmo a pena – ou o prazer – passar”.
Foi nisso que pensei também quando me apercebi que este blog nasceu há dois anos.