Como um romance
Para poder falar na rádio sobre este livro, passei parte da noite de ontem a ler páginas soltas, bocados de tempo que fui escolhendo em função do meu gosto pessoal. Há muito tempo – eu diria, desde o ultimo ensaio histórico de Vasco Pulido Valente – que não tinha tanto prazer a ler um texto de História. Não é só a consistência e a clareza da escrita, é essencialmente a fórmula, a meio caminho entre a investigação e o relato. Tem algo de jornalismo – no que o jornalismo pode e deve ter de vida e mundo.
Vou ler como se lê um romance. E garanto que era coisa que não me passaria pela cabeça se não tivesse sido bem agarrado pelo talento de Rui Ramos, Bernardo de Vasconcelos e Sousa, e Nuno Gonçalo Monteiro.
Duas notas mais: ao contrário do que é hábito, esta História de Portugal chega até aos dias de hoje; e pelo número de páginas pode dizer-se que, em média, cada ano da nossa História teve direito a uma página de texto. Claro que em rigor esta proporcionalidade não se verifica, mas dá para ter uma ideia da concisão da obra e do esforço que foi feito para, ainda assim, manter vivacidade e cor na escrita. Para mim, é o livro do ano.