Solidão muito acompanhada
A fotografia não está assinada. Saiu na página de João Paulo Martins na edição de sábado passado da “Única” do Expresso. O que me chamou a atenção foi o momento registado: num jantar onde é suposto existir convívio, diálogo, certamente alegria e risos, o que a máquina registou foi um Francis Ford Coppola de olhar caído, como se estivesse em nostálgica viagem interior, ou apenas enfastiado com a circunstancia, ladeado por uma mulher (não identifico quem seja...) que ao primeiro olhar poderia estar a teclar num smartphone, mas depois se percebe que está a deitar açúcar no café, e pelo próprio colunista da página que, numa atitude negligente, fala ao telefone deixando o realizador nesta pose pouco animada.
Curiosamente, lendo o texto de João Paulo Martins, parece que o jantar foi animado e que Coppola se entusiasmou com os nossos vinhos e revelou-se um apreciador do clássico Porto. Ainda bem.
Quem apenas passasse o olhar pela página e visse esta fotografia com o titulo “Das fitas para a adega”, ficaria a pensar “coitado do americano, veio de tão longe para isto...”.
É um daqueles casos a que se aplica o lugar-comum ao contrário: uma imagem não vale por mil palavras.