Hipermercados abertos, sempre!
O Chiado e a Baixa estão cheios de pequenos comerciantes, de sapatarias a lojas de café, de boutiques a lojas de recuerdos. Desde há uns anos que, na sequência da recuperação daqueles quarteirões vítimas de incêndio (e depois, muito por causa da FNAC, da H&M e de outras marcas multinacionais, abertas ao fim de semana em horários generosos), aquela zona da cidade recuperou vitalidade e vida. Os novos restaurantes e cafés, sempre abertos ao fim de semana, contribuíram para o movimento. Nos dias que correm, os sábados e domingos do Chiado e da Baixa são dias fortes de comércio.
No entanto, o pequeno comércio – da sapataria, da loja de bijutaria, da pequena boutique -, resiste estoicamente: não abre ao sábado à tarde nem ao domingo, e fecha às sete da tarde mesmo nos dias de Verão em que só anoitece às nove. Se lá forem perguntar, queixam-se todos da crise...
O exemplo serve para explicar ao autor deste post porque motivo a Sonae tem razão em querer libertar os hipermercados da idiota lei que os impede de abrir ao domingo à tarde. É que essa lei foi criada para proteger o mesmíssimo pequeno e médio comércio que se está literalmente nas tintas para o consumidor e fecha à hora do almoço e não serve depois das 19:00, não alarga horários a não ser no Natal, e fecha ao domingo “para descanso do pessoal”.
Eu defendo o comércio local. Gostava muito de poder fazer compras nas excelentes charcutarias e mercearias do meu bairro (Alvalade/Av. de Roma). Infelizmente, fecham à hora do almoço de sábado e só reabrem à segunda-feira. Aos dias de semana, persistem em fechar às sete da tarde, como se os lisboetas saíssem todos às seis dos seus empregos. Algumas delas até fecham à hora do almoço.
Os anos encarregaram-se de demonstrar que a crise do comércio local resulta da negligência e preguiça do próprio comércio local. O facto dos hipermercados estarem fechados ao domingo à tarde não mudou minimamente o estado das coisas, pela simples razão de que também o comércio local fecha ao domingo. Ninguém faz guerra a quem não está no campo de batalha.
Assim sendo, é altura de deixar cair a hipocrisia legal e a demagogia de quem a defende. Se o comércio local quer sobreviver, ponha os olhos nas capitais da Europa: dê o corpo ao manifesto e esteja disponível para os consumidores nos horários de quem consome.
Venha lá a petição para abrir os hipermercados ao domingo – eu assino.