Entre o futebol e a parede
Andava há dias a pensar como definir a minha atitude face à Selecção Nacional de Futebol. Graças à Anabela Mota Ribeiro, descobri-a numa declaração que lhe fez o publicitário Pedro Bidarra numa entrevista recente no Jornal de Negócios: "Vou torcer por Portugal por default. Como quem torce pela família. Como quem torce por um filho sem talento. Por um filho com defeitos".
É exactamente o que sinto. O que faço.
Também gostei da metáfora da parede e do elástico:
"No outro dia escrevi uma metáfora inspirada naquilo que o Fernando Ulrich disse – que vamos bater na parede. Gostei da ideia da parede. Porque imagino que há uma parede, que o português sabe que existe ali uma parede que não o deixa passar, e que o caminho é andar no sentido contrário à parede. O que acontece é que o português tem pegados às suas costas e à parede uns elásticos. É como se nós estivéssemos a andar para a frente e a esticar este elástico. O elástico há-de ser tão forte que a dada altura já não conseguimos andar sozinhos. Foi o que aconteceu, e tivemos a ajuda dos dinheiros da Europa e do “lá fora”. Ajudaram-nos a continuar a puxar o elástico. Para além das nossas forças. O que é que está a acontecer agora? Os outros largaram o elástico, e nós estamos a vir para trás a uma força enorme, e vamos bater na parede. De costas. Este elástico chama-se: cultura portuguesa. A parede chama-se: a nossa realidade. Para sair daquilo que somos tínhamos de dar uma machadada neste elástico".
Entre o futebol e a parede, é assim que estamos.