O volume que fica
Estava a ver fotografias antigas (esta foi uma delas, e é um detalhe da Piazza del Campo, a lindíssima praça central de Siena, Itália), e reparei que a maior diferença entre o que passou e o que fica é o volume das coisas – as que aumentam e diminuem, as que desaparecem ou estranhamente aparecem. 0 que engorda e emagrece, o que ganha dimensão e o que perde. Lugares que vimos grandes e são afinal pequenos – mas também o contrário.Mesmo a morte passa por ser isso mesmo: as pessoas não desaparecem da nossa vida, desaparece apenas o corpo, o volume. O espaço que ocupam desaparece fisicamente, mas em nós ele pode crescer. Quase sempre cresce, quando as amamos.
Este olhar sobre fotografias antigas talvez seja, afinal, mais uma metáfora para a vida: tudo se passa entre a dimensão com que se nasce, a que se ganha, e a que a dada altura se perde.
Como no amor.
Às vezes gostava de saber dominar o volume das coisas como quando brincava com plasticinas. Era fácil, então.
(Deve ter sido a pensar estas coisas “fora de formato” que alguém deu o nome a esta terra. “Deixa o resto”, porque o essencial fica...)