01
Jan08
Ano 2008
Lembro-me tão bem de pensar assim: “Se eu chegar vivo ao ano 2000, terei 36 anos”. Como se faltasse muito tempo. Eu tinha 10, ou 11, e nessa altura o tempo que faltava para o tempo passar era imenso. Era todo.
O ano 2000 vinha tão longe. Havia o “2001, Odisseia no Espaço”, a referência de futuro era o “século XXI”, e quando queríamos remeter para longe dizíamos “isso é lá para o ano 2000”, como quem diz: jamais...
Fumei cigarros de marca “2002 Control” – um maço preto, design futurista, cristais junto ao filtro que faziam barulho quando se abanava o cigarro...
A discoteca era o 2001.
Agora, o tempo que falta é nenhum e todo o tempo nos parece faltar a todo o momento. Porque corre desalmadamente, apenas por isso.
Agora, eu ainda estou a escrever e acho que o tempo passou mais rápido do que a minha capacidade de o consumir, e quando começa uma semana está já a acabar e não sobra, não sobra, não “sobeja” nada, como dizia o “Vôvô”.
E já é 2008.
“Cheguei cá!” – apetece-me gritar para o miúdo que subia e descia a encosta do Penedo na bicicleta verde e tinha a certeza de que tudo ía correr bem.
Não correu tudo bem, oh puto!
Mas já vamos em 2008, lá isso é verdade.
A ver no que dá.
O puto era eu. Ainda há bocado.
Há tanto tempo.