Apesar do calor (II), ou talvez por causa dele
Até já assisti no Facebook a debates sobre os sabores de Lisboa e de Cascais, e coiso e tal, Santini para aqui e Santini para ali. Não sou dado a doces, e gosto do eterno Supermáxi. Não tenho saudades dos mesmos gelados de que o Nuno Markl tem saudades, porque só tenho mesmo saudades de um gelado da Olá - cujo nome não sei -, que se caracterizava pela sua estúpida simplicidade: era uma pequena bola de futebol de plástico, que tinha um gomo que fazia de tampa, e lá dentro só havia aquela baunilha típica da marca.
Era o meu gelado: não tinha história, comia-se basicamente para ganhar uma bola de plástico que dava para jogar, fazer de telefone com corda, encher de água e atirar ao ar, e mais um monte de coisas idiotas que há época me enchiam as medidas. Dito isto, não vou discutir as propriedades e genialidades Santini, reconhecidas por todos os sábios da matéria, como o meu filho e o João Gobern. Deixo apenas a imagem que associo ao meu Verão em Lisboa desde que me lembro de ser gente: uma conchanata (para mim, só com natas) na Veneza da Av. da Igreja. Por acaso a taça de vidro era mais bonita do que esta de metal, mas enfim…
Há coisas que não mudam, e ainda bem. E o essencial da conchanata – que é existir e ser como é – não mudou. Assim que voltar à cidade, lá passarei a marcar o ponto.