Na linha do post anterior, mas sem mortos...
Ou seja, a mesma ideia de outra maneira: quando a realidade é mais rica do que a ficção. A notícia é de ontem, no Correio da Manhã. Devo dizer, em abono da verdade, que o Correio da Manhã conseguiu, nos ultimos anos, fazer uma síntese técnicamente julgada impossível (e teoriamente pouco lucrativa) para um jornal popular. Mas provou ser sucesso absoluto: é hoje um diário popular e de qualidade. Ou seja, mantem o estatuto de periódico de massas, mas acrescenta-lhes valores - estrutura de organização, opinião, variedade temática, entre outros itens -, que só associamos aos chamados jornais de referência.
Dito isto, cá vai a notícia que, a par com a do ultimo post, fazem o meu best of da silly season:
Titulo: “Um copito a mais”
Texto (de José Paiva):
"Jorge Rodrigues, 34 anos, o homem de Celorico da Beira apanhado a conduzir alcoolizado uma burra confessa: "Não foi a primeira vez que a GNR me mandou parar. Já algumas vezes me apanharam com um copito a mais."
O condutor, detido na quarta--feira à noite quando conduzia o animal com uma carroça atrelada, lamentou ontem a situação e disse ao CM temer não ter dinheiro para pagar a multa. O tribunal pode determinar uma pena de prisão até dois anos ou o pagamento de uma multa.
Jorge Rodrigues conduzia a burra com 2,84 g/l de alcoolemia, uma taxa considerada crime. "Se uma pessoa não bebe um copo de vinho parece que custa mais a trabalhar", argumenta o homem, que vai responder no Tribunal de Celorico da Beira no próximo dia 19.
A burra, com a qual, na companhia da sua mulher, Maria Conceição, 50 anos, faz a vida na agricultura, é o único meio de transporte do casal. "Vivemos de uma pensão da minha mulher, que é pequena e só dá para pagar as contas da luz e do gás, pouco mais", afirma Jorge Rodrigues. Maria da Conceição pede ajuda: "Podiam ajudar-nos, mas só pensam em tirar o pouco que a gente tem."
O casal foi ontem à tarde buscar a burra onde foi obrigado a deixá-la presa, depois da detenção efectuada por militares da GNR de Celorico da Beira, para regressar a Salgueirais, a terra onde mora. "Nós vivemos na aldeia, mas temos de ir de vez em quando a Celorico da Beira para comprar as coisas para a casa e para o cultivo das terras", explicou Jorge Rodrigues, lamentando que, se lhe tirarem a burra, "que custou 88 contos [439 euros]", fica sem saber o que fazer à vida".