Fenómenos insólitos
Não sou um leitor militante de Mário Vargas Llosa – o livro que dele li do princípio ao fim, com gosto, foi “A Casa Verde” -, mas sinto com o escritor uma afinidade especial.
E tem uma razão. Uma boa razão. Por sugestão do Mário Bettencourt-Resendes (saudades...), o DNA acolheu dez anos a fio a crónica “Pedra de Toque”, que ainda hoje brilha nas páginas do El Pais (e de outros jornais de referência que não se incomodam com crónicas de 7500 caracteres...).
Na verdade, foi como se, durante aquele período, Vargas Llosa fosse colaborador da casa. Falávamos “do” Vargas Llosa como se ele estivesse em Campo de Ourique, sendo certo que nunca trocámos um só mail com o autor. Tudo no domínio virtual do agenciamento.
Quem edita jornais ou revistas percebe o que escrevo. Mas estes são aqueles mistérios, aquelas magias, que nos ligam para sempre ao papel que um dia vimos impresso. E nas mãos dos outros.