Coisas de nada que fazem toda a diferença
Para quem, como eu, gosta de cozinhar, e consome livros de cozinha como se fossem romances, não há nada pior do que tropeçar em palavras em inglês, francês, ou espanhol, que não conheço e que não consigo “tirar pelo sentido”. Nomes de peixes, de legumes, de bocados de animais, de condimentos, de especiarias. Nem sempre o computador está à mão para me explicar que um whelk é um búzio, ou cazador é, em espanhol, um cação. Não falando de um estornino (cavala), de orge (cevada), ou de um cernier (cherne). E misturei aqui inglês, espanhol e francês, que nem ouso ir ao alemão...
Tenho livros de cozinha maravilhosos a que dou pouco “uso” pela manifesta impaciência para andar do fogão para o computador a fazer traduções mais ou menos livres, ou ler na cama rodeado de dicionários.
Um destes dias, tropecei em 10 euros de livro sob o titulo “Dicionário Gastronómico Multilingue”. Assinado por Rodolfo Farinha, nome que merece o respeito de Alfredo Hervias e Mendizábal, tem 180 páginas num formato quase de bolso, é evidentemente limitado pelo espaço e, por isso, básico e essencial. São as palavrinhas simples – alho porro, amêijoa, chanfana, cabrito, grão de bico... – traduzidas sem delongas para inglês, francês, alemão e espanhol. E vice-versa, claro. Em lista e por ordem alfabética. Se não é edição de autor, parece (está lá um mail, caso não encontrem o livro: rolofa@netcabo.pt). Assim, sem luxos nem novos-riquismos editoriais, tem resolvido 80% dos meus casos de irritação alérgica resultante da ignorância que sempre me atormenta. Recomendo a quem sofra do mesmo problema.