Voar baixinho
Esta história do novo Aeroporto não constituiu uma vitória da oposição. Aliás, não foi vitória de quem quer que seja. Talvez tenha sido, isso sim, uma lição e um exemplo da chamada sociedade civil. Foi ela - entre empresários, financiadores anónimos, jornais & jornalistas – que forçou o Governo a repensar o tema e obrigou Mário Lino a engolir o “jamais” e demais prepotência com que se sentou sobre o dossier.
Foi também a sociedade civil que deu uma oportunidade a José Sócrates para demonstrar que tem alguma humildade – coisa que o próprio se apressou a contrariar, desculpando o ministro Lino e falando como se desde sempre a decisão estivesse em aberto. Sabemos que não estava. Foi reaberta à paulada, contra a vontade do Governo, “que chatice, hein?”.
Ora, a sociedade civil somos todos nós. Todos e cada um, acordados ou a dormir, empenhados ou negligentes, atentos ou alheios. Às vezes a coisa funciona.
A lição que fica é, apesar do “final feliz” e desta ideia de “nós até podemos”, triste e lamentável: confirma-se que há todas as razões para não deixar a politica nas mãos dos políticos, menos ainda confiar naqueles que elegemos. Se os deixarmos à solta, eles fazem grandes asneiras sem dó nem piedade, aparentando saber científico e sempre em nome “do melhor para Portugal”. “Acreditar” é, por isso, o verbo proibido.
Ou seja, este episódio confirma que alguém vai ter de continuar em cima “deles”, a ver que outras trapalhadas preparam. E esse alguém somos todos nós. Que canseira. Que maçada.