O protesto de sábado
Tem sido fácil, a quem quer confundir a opinião publica, misturar no mesmo saco diversos protestos que andam por aí a circular nas redes sociais e que convergem numa espécie de “contra tudo e contra todos”, que parece não ter sentido e ser apenas um aproveitamento espúrio do espírito de frustração e crise que atravessa Portugal. Realmente, a confusão está estabelecida – e dá imenso jeito, a quem não quer ver, poder atirar areia para os olhos do cidadão comum usando esta caldeirada de petições.
Mas, por uma vez, podemos ser sérios? Podemos. Quem se der ao trabalho de ir ver este blog, que é o espaço oficial do movimento que desencadeia a manifestação do próximo sábado, vai verificar que as intenções são razoáveis, os propósitos estimáveis, e faz sentido acordar o país para o que esta geração está a viver. O que ali se diz não é um manifesto político no sentido em que não apresenta alternativas? Certamente que sim. Mas nunca ouvi esse argumentário ser usado nas Greves Gerais que se limitam a criticar a “política do Governo”. E toda a vida vi manifestações cuja intenção primeira foi protestar contra um determinado estado de coisas, pedindo respeito pela Constituição. E já agora, o seu cumprimento. É disso que se trata, para quem quiser ler sem preconceitos.
Claro que é mais fácil e cool gozar o prato, chamar-lhes “deolindas” – já vi a palavra usada como adjectivo e claro que me ri, e que é um bom achado... -, e colar com cuspo o Jel, a Parva Que Sou, o discurso de Cavaco Silva e lá vai alho.
Mas não é nesse comboio que este movimento vai.
Confesso: este tipo de protesto não é a minha praia. Não estarei presente, apesar de ser também um trabalhador de recibo verde.
Mas quase sou tentado a participar só para contrariar um generoso número de almas que pura e simplesmente não se deu ao trabalho de perceber o que é que esta gente quer, e se diverte a misturar tudo no mesmo saco para poder menorizar, achincalhar e menosprezar uma iniciativa que, da forma como está exposta no blog, é séria, tem sentido e oportunidade.
O que eles aqui dizem, faz sentido. E o que eles querem também. Alertar as pessoas e acordar as consciências nunca fez mal a ninguém.