O meu Manifesto
Agora, que parece mais ou menos evidente que vamos ter eleições a prazo, também tenho um pequeno manifesto, mesmo sem página própria no Facebook. O meu manifesto é simples.
Gostava que:
Vós, desempregados, não se esquecessem de ir votar.
Vós, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, não se esquecessem de ir votar.
Vós, escravos disfarçados, não se esquecessem de ir votar.
Vós, subcontratados, não se esquecessem de ir votar.
Vós, contratados a prazo, não se esquecessem de ir votar.
Vós, falsos trabalhadores independentes, não se esquecessem de ir votar.
Vós, trabalhadores intermitentes, não se esquecessem de ir votar.
Vós, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal, não se esquecessem de ir votar.
Vós, que protestaram “para que todos os responsáveis pela nossa actual situação de incerteza – políticos, empregadores – actuem em conjunto para uma alteração rápida desta realidade, que se tornou insustentável”, não se esquecessem de ir votar
Vós, que constituem “a geração com o maior nível de formação na história do país”, não se esquecessem de ir votar.
Vós, que não se deixam “abater pelo cansaço, nem pela frustração, nem pela falta de perspectivas”, não se esquecessem de ir votar.
Vós, que têm “os recursos e as ferramentas para dar um futuro melhor a nós mesmos e a Portugal”, não se esquecessem de ir votar.
Vós, que não protestam “contra as outras gerações”, apenas não estão, nem querem estar, “à espera que os problemas se resolvam” e protestam “por uma solução” e querem “ser parte dela”, não se esquecessem de ir votar.
Porque, na verdade, a maioria de vós veio para a rua protestar – e ainda bem -, mas não pode esquecer que tem nas mãos o mais poderoso instrumento de mudança que a democracia participativa oferece: o voto. Nos partidos que existem, nos que mal existem, nos que tentam existir ou naqueles que todos podem criar. A essência do regime passa pelo voto – e agora, que parece evidente o horizonte, vamos todos querer ver até onde vai o protesto que aplaudimos. Não há direitos sem deveres, não há deve sem haver.
PS – Sei que, em bom português, era mais “esquecêsseis” – mas para manifesto deu-me mais jeito assim. Assim ficou.