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Dez07
Do Benfica sei que sou
Na minha qualidade de observador de blogs, trabalho que tento desempenhar com seriedade e sem qualquer espécie de preconceito, tenho notado que um dos mais recorrentes debates – quase sempre antes ou depois dos ânimos azedarem entre bloggers das mesmas ou de divergentes orientações e ideias – assenta sobre a dicotomia esquerda-direita na sua variante mais básica: o que distingue ambos os lados, como se notam e reconhecem, como reagem. Para a “National Geographic” só faltava o “como se reproduzem” – mas isso já me levaria longe demais, porque as matérias ligadas à reprodução convocam outro tipo de abordagem (literalmente, é claro).
O debate é interessante e válido. Na mais recente polémica, nascida no blog “Atlântico” (http://www.atlantico-online.net/blogue) , mas rapidamente difundida pela rede, só não esperava vir a concordar com Daniel Oliveira - que é cansativamente de esquerda e prega noutra freguesia - quando escreve “a política não é um jogo de futebol. Se a direita nunca mudar a esquerda poderá ficar, para sua desgraça, sempre na mesma. E vice-versa. Os teus ditadores, os meus ditadores, as tuas incoerências, as minhas incoerências, os teus fanáticos, os meus fanáticos, a tua violência, a minha violência, os teus esqueletos, os meus esqueletos”.
Mas, na verdade, concordo.
Este bocadinho de prosa interessa-me na medida em que, de fora, observo estes conflitos. E digo “assim, de fora”, porque é como me sinto: que fazer a pessoas que, como eu, alinham à esquerda quando se fala de aborto e à direita quando o tema é Hugo Chavez? Que pensam à esquerda sobre segurança social mas concordam com a direita quando o tema é mercado e liberalização dos contratos de trabalho? Que têm um passado militantemente à esquerda mas se envergonham dos muros de Berlim que a URSS foi criando por esse mundo fora? Há temas em que sou de esquerda, há outros em que sou de direita...
Realmente, a politica não é um jogo de futebol, com dois lados e uma bola ao meio.
Aprecio quem sabe a que lado pertence.
Não apenas porque não sei, mas porque só tenho a certeza de ser do Benfica.
E isso é desde que nasci.
O resto, um dia de cada vez.