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Dez07
Os “meus” bloggers
Tropeço a todo o momento na eleição dos melhores blogs do ano, nuns casos por categorias e com júris profissionais, noutros casos eleições pessoais, escolhas de grupo, enfim: um corrupio que faz lembrar os jornais e as revistas, que ocupam estes dias do ano a promover escolhas dos protagonistas e acontecimentos do ano.
Como o bolo-rei: faz parte da época.
Sendo público (está aí o link ao cimo da página, http://prdantenaum.blogs.sapo.pt ) que tenho uma rubrica diária na rádio que se ocupa de blogs e do que “eles” dizem – e uma extensão sob a forma de entrevista ao fim-de-semana -, é natural que olhe com algum apuro este universo. Com uma vantagem: não pertenço a grupos jantaristas de blogs, e não conheço pessoalmente a maioria daqueles sobre quem escrevo (vou conhecendo, naturalmente, os que entrevisto...). Nos últimos dias tenho pensado na forma como vou abordar um balanço blogoesférico do ano na Antena 1.
Cheguei a uma ideia, finalmente. Resulta da minha análise pessoal do movimento de blogs, da sua evolução, das mais valias que apresenta. Na verdade, e para mim, quando entro num blog, o que me entusiasma, o que me toca, o que mexe comigo, é ainda o poder da palavra. O domínio da palavra. A sabedoria da escrita. Textos que me fazem pensar. Ou rir. Me comovem. Me inquietam. Me arrasam. Me revoltam. Me tiram do sério. Me deixam a planar. Contra os quais estou. A favor dos quais me apetece assinar por baixo. Que odeio. Que amo. Que me lembram a ingenuidade. Que me acordam. Que me adormecem. Que me fazem uma festinha. Que eu beijo. Que me beijam. Que irritam. Que sim. Ou que nada. Mas é ainda o poder da palavra.
Especialmente – e voltando a uma polémica antiga... –, quando essa palavra não tem espaço nem tempo nos jornais, na rádio, na televisão. No futuro será diferente, estou certo disso – mas por enquanto é ainda a palavra. A palavra.
“Eu acordaria” bem mais pobre sem os textos de Maradona, Vieira do Mar, Mónica Marques, João Gonçalves, Rodrigo Moita de Deus, João Miranda, Animal & Waldorf, Tiago Galvão, José Medeiros Ferreira, João Pedro Dinis. Ordem aleatória.
E havia mais 20 ou trinta, com sublinhados pessoais e explicações emocionadas, que ficarão para outro dia, porque o ano acaba mas a vida continua.
De qualquer maneira... Mais do que os blogs, são as pessoas. E o que pensam, e a forma como pensam e depois dizem. Lá está, é a palavra. E é pela palavra que me ligo a este mundo e todos os dias o percorro, humildemente, procurando saber lê-lo sem a pretensão de o criticar, corrigir, emendar ou vigiar. Mesmo quando o faço...
Os meus dez bloggers do ano estão aqui. Em breve, no rádio, a escolha terá reflexos no espelho de água que corre por esse rio...