Tiro no porta-aviões
Reclamava com as cobranças excessivas (tudo se paga nos bancos, mesmo quando os anúncios dizem que o “tudo” é oferecido...), reclamava com serviços nem sempre perfeitos, não gostava dos juros e das taxas (quem gosta?)...
Mas admirava o dinamismo que os bancos demonstravam, e tinha desse sector uma imagem de seriedade e competência, que obviamente contrastava com a inépcia, negligência e incompetência que abundam nos serviços do Estado.
Tudo mudou em poucos meses. Com notícias de jornal – que não é por acaso que se tornam publicas neste momento... – e os ajustes de contas que daí resultam. A velha e certeira frase: “zangam-se as comadres...”
O que me deixa desalentado na ressaca desta crise – a que se juntou o processo da dança de cadeiras na Caixa... -, é a ideia de mais um tiro no porta-aviões das “coisas-em-que-ainda-confiamos”.
Falta pouco. Um escândalo na Casa da Moeda, outro na Universidade Católica, um na Gulbenkian, e o navio vai ao fundo. Para sempre.
(“E La Nave Va”, era assim o filme de Fellini, não era? Lembro-me que se passava num barco, mas às tantas o realizador abria o jogo e mostrava que o barco jamais saíra do estúdio, e tudo era encenado entre quatro paredes. De mentirinha, portanto. Lá está.)