Produções Fictícias (mas muito reais...)
Vinha a caminho de casa, na madrugada de terça-feira, e escrevi, dentro de um táxi, nas costas de um cheque: “não esquecer, P.F. para o blog”.
Ontem à tarde, ao arrumar o casaco que tinha atirado, “à cinema”, para o sofá, tirei um papel. O cheque. Lembrei-me imediatamente do que tinha a fazer.
É claro que a indignação, a revolta e a crítica são, claramente, muito mais estimulantes, por isso raramente tenho de tomar notas para me lembrar de tais estados de alma. Neste caso, era para escrever e não esquecer.
Porque não queria mesmo deixar de dizer que fiquei muito feliz por poder assistir ao 15º aniversário das Produções Fictícias. Conheci a pré-história daquela “organização”, e nunca esquecerei a vontade férrea e a determinação do Nuno Artur Silva numa altura em que a ideia de um colectivo de autores de ficção e humor para televisão parecia, no mínimo, absurda. O Nuno sabia rigorosamente o que queria, e como queria.
Várias vezes, ao longo deste tempo, o vi desanimado com o mercado, com a dificuldade em manter regularidade na produção, com as constantes mudanças de rumo do audiovisual português – mas nunca lhe percebi desistência.
Merece absolutamente o sucesso que tem, a equipa que acarinha esse sucesso (e que ele gere com mestria), e os aplausos do público. Aos que vêem nele o monopolista do humor nacional, apetece exibir a lista de sócios, agenciados, colaboradores das Produções Fictícias. Por ali se percebe o que significa a palavra liberdade criativa, talento e gestão.
Palavras difíceis de conciliar – mas ali, naquele rés-do-chão da Travessa da Fábrica dos Pentes, diariamente trabalhadas. E isso vale tanto...
PS - Depois de ter encontrado a Sofia Grilo e a Carla Salgueiro na festa das P.F., fiquei com saudades do projecto “Manobras de Diversão”, que foi um marco da renovação do humor em palco e ao vivo, e que faz falta. Pareceu-me ver no sorriso da Carla Salgueiro uma vontadezinha qualquer de voltar àquele registo. E gostei disso...