Quase comum
Estou a tentar tornar-me um cidadão comum.
Desse projecto faz parte não adquirir diariamente todos os jornais e revistas que são publicados em Portugal, além de um generoso conjunto de revistas estrangeiras e um ou outro diário europeu. Sempre fui um comprador compulsivo de imprensa – mas talvez tenha chegado o momento de vencer mais esse hábito, e premiar apenas os produtos que merecem o “preço justo”.
Dado tratar-se de um vício, a gestão desta privação (ditada pelo tempo dedicado à leitura em papel, pelo dinheiro gasto e pela tentativa de comprar apenas o que me faz falta e dá prazer ter e ler...) tem sido feito lentamente, dia a dia, “cada dia é mais um dia”.
Ontem, pela primeira vez em muitos anos, não precisei de uma nota para pagar as compras de imprensa. Bastaram-me duas moedas. Quando fiz o balanço do dia, senti-me melhor informado. Porque li com maior atenção os jornais que comprei e informei-me com dedicação na Net, na TV e na rádio.
Os jornais diários (pagos) ainda não perceberam o que lhe está a acontecer. Falta-lhes tempo para pensar. Mas esse mesmo tempo, no entanto, avança inexoravelmente. Não me parece que haja milagres.
PS – ...Entretanto, os relatórios da APCT, que controla a tiragem e venda de imprensa, revelam um mundo maravilhoso de sucesso e florescimento. Há crise em todo o lado, excepto nas notícias dos jornais sobre as suas próprias vendas.