Um silêncio ruidoso
Ministros, oposições, economistas, analistas, palpitadeiros, todos têm uma palavrinha a dizer sobre a crise. Tentam minimizar os danos e aplacar o pânico. Evitam o desespero e o desatino dos investidores, dos clientes dos bancos, dos accionistas das empresas, dos pequenos e médios aforradores. Eu até já vi a Deco dar conselhos sobre o dinheiro depositado nos bancos...
Deixem-me, no entanto, que manifeste estranheza sobre este ponto: até hoje, o “meu” banco – e entretanto dei-me ao trabalho de espreitar os sites dos bancos concorrentes, e encontrei o mesmo cenário... – não entendeu ser necessário dar-me uma palavra sobre a sua condição.
O mesmo banco que me escreve regularmente a exibir uma performance notável e nesse sentido sugerir aplicações de toda a espécie, o mesmo banco que tem um gestor “particular” ao meu alcance, o mesmo banco que se promove e publicita por cada “produto” que inventa, o mesmo banco que me procura por tudo e por nada – agora, que eu esperava dele a palavra de “conforto” que me permitia manter tranquilamente a minha conta corrente, mantém-se calado e distante como se nada se passasse.
Eu não sei com que raio de empresas de comunicação o “meu” banco anda metido – mas a desconfiança sobre o estado do banco onde deposito mensalmente o que ganho cresce à medida que os dias passam e ele não acha que me deve passar, pelo menos, uma palavra de confiança. Pior: eu leio jornais todos os dias, e ainda não ouvi ninguém do “meu” banco dizer publicamente o que quer que seja. Temo o pior.
É verdade que o “meu” banco nunca disse que eu era “dono” dele – mas também nunca deixou de me fazer sentir que sem ele eu era um zero á esquerda...