O traço comum do talento é a humildade
Ando com esta frase junto ao coração há muitos anos, e sempre que me encontro com a sua prova real penso que ela deve ser dita e repetida, ensinada, transmitida.
Foi o que me aconteceu agora, ao ler a entrevista do Tim (no “Actual” do Expresso). O “Tim dos Xutos”. Uma entrevista comum, normal, curricular – mas onde se nota e sublinha o valor da humildade, a ideia de passagem, o lado transitório de tudo. E de nada.
Mas eu sinto esta ideia - o traço comum do talento é a humildade – quando recordo Dinis Machado, quando oiço a entrevista de Carlos Vaz Marques a Miguel Esteves Cardoso, quando leio as palavras de Pedro Norton a Anabela Mota Ribeiro, quando converso com o Carlos Quevedo, quando sigo as crónicas de Vasco Pulido Valente e recordo os tempos em que fui “seu” editor e me confrontei com o que está para lá das aparências. Há uma recorrência exemplar neste caminho: sempre que reconheço muito talento, ele mostra-me que é humilde e não se leva demasiado a sério...
Às vezes leio as entrevistas de alguns cromos da nossa vida mediática a quem, certamente por engano, ensinaram que a arrogância e a presunção eram caminhos certos para a credibilidade. Como quem diz: se gritares bem alto que és o maior, alguém vai acreditar e vais ter a oportunidade que queres.
Ora, o que a vida me tem ensinado é diferente: o traço comum do talento é a humildade. Muito humor. E uma razoável desconfiança sobre a seriedade da existência.
Nem sempre tal estrada leva à felicidade – mas como sucede com o dinheiro, ajuda muito.