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Pedro Rolo Duarte

30
Dez09

Momentos (e um excelente 2010...)

Um video notável, admirável, a que me rendi quando a mão amiga do Edson me deu a conhecer.

(Nestes momentos nunca deixo de pensar: extraordinário mundo novo que permite a difusão, o conhecimento, a partilha, ao alcance dos olhos e de um click...)

Bom, então o video.

Pode constituir, constitui mesmo, o meu manifesto de Natal e Ano Novo. Um sinal. Um cartão de visita. Uma ideia. O que eu queria dizer. O que eu faria, se soubesse como se faz. O que queiram...

A vida é isto. E é tão simples, se quisermos...

E assim, reeditado e revisto o post, desejo a todos o melhor 2010 que o próximo ano vos possa dar. E a mim também.

23
Dez09

Quando um homem quiser?

É o meu presente de Natal aos leitores do blog: a crónica de sábado na revista do i, em antecipação. Mas dia 26 lá está nas bancas: Nós. Religiosos...
E agora um Bom Natal, para mim a festa da familia.
 

Não é Natal quando um homem quiser – é Natal agora, estes dias, esta semana. E não adianta resgatá-lo da sua tradição religiosa, como tentou Ary dos Santos (com talento, mas obviamente a mando dos seus camaradas), escrevendo “Natal é em Dezembro / Mas em Maio pode ser / Natal é em Setembro / É quando um homem quiser / Natal é quando nasce uma vida a amanhecer / Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher”.

Estávamos em 1975 e o PCP pretendia dessacralizar a vida portuguesa ao ponto de transformar uma das mais sentidas tradições religiosas num momento pagão para os que viam “Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei”. Mais um ano de poder e o Natal era na Festa do Avante e o bolo passava a ser bolo-presidente ou mais prosaicamente bolo-camarada…

Nada disso. Natal é agora. Só agora – assinala o nascimento de Jesus, e é uma festividade cristã. O que Ary e os comunistas, em geral, não conseguiram, nesse tempo de todas as tentações - tornar o Natal uma época de toda a gente – encarregou-se o capitalismo de o fazer, com a sua doce forma de nos enfeitiçar. Hoje, independentemente do sentido da fé de cada um, este é um momento de união, seja simbolicamente cristão ou ateu, pretexto para unir a família, também uma época de dádiva e solidariedade.

Sem querer, o Natal encerra em si o paradigma da humanidade: ao pretender respeitar a individualidade, reconhece-se com mais frequência no que é comum a muita gente e aceita apagar-se em nome de uma ideia partilhada por muitos. Fica bem, depois, dizer que o pior da economia de mercado tomou conta da época, que a fúria consumista se sobrepõe aos profundos sentimentos de solidariedade, que o capitalismo tomou de assalto o Natal.

Fica bem, mas essa é a sua verdade nos tempos modernos – bem representada pelo Pai Natal que a Coca-Cola abocanhou, transformou e globalizou… -, facto que nenhum estandarte com o Menino Jesus vai conseguir contrariar. O espírito da época é o do consumo, o da festa, o da união – mas hoje isso significa negociação, diálogo, entendimento. Não mais união pura e simples.

Substituímos as cartas pelos mails, e os mails pelos sms, e agora os sms por bonecos e presentes do Facebook – e nesta sucessão de facilitações aferimos como os tempos e os seus ícones vão tomando conta do evento. Mais do que perder religiosidade, a quadra tornou-se uma espécie de Cimeira de Copenhaga: tenta-se o mínimo denominador comum – pode ser o bacalhau ou a missa do galo, um estandarte ou um Pai Natal a trepar estupidamente por uma varanda… -, para conseguir ultrapassar todas as diferenças, todos os hiatos, todas as faltas. Negoceia-se para chegar ao acordo que é a noite de dia 24, quando a paz é convocada por todos. Por minutos que seja.

Dois dias depois, ou seja, dia 26, a tenda começa a ser desmontada. O divino, o transcendental, os rituais mais ou menos adquiridos para expressar fé e crença, vão dando lugar ao “back to reality”. Daqui a pouco é ano novo, passas e champagne. Ary dos Santos tinha razão quando falava do “sabor amargo em cada doce que eu comprei”.

Nós, religiosos? Com certeza que sim. Mas aí sim, “quando um homem quiser”, ou seja, muito de vez em quando.

21
Dez09

Nem com os filhos deles se preocupam...

Desilusão e falhanço são certamente as palavras mais usadas: um acordo climático não vinculativo foi o máximo que a cimeira de Copenhaga conseguiu depois de

13 dias de negociações e de uma maratona final de 24 horas.

Sobre o tema “aquecimento global”, balanço entre as desconfianças daqueles que duvidam da cientificidade do drama – a que o “climategate” acabou por dar um bocado substancial de razão – e as evidências que nos rodeiam com a decorrente necessidade de “fazer qualquer coisa”.

Parece, no entanto, que os senhores que estiveram em Copenhaga não tinham duvidas: o “aquecimento global”, para eles, é grave e perigoso.

A ser como dizem que é, continua a ameaçar o planeta e o futuro dos nossos filhos. É óbvio, portanto, que aqueles pais que estiveram a debater na Dinamarca nem com os próprios filhos se preocupam.

Vão preocupar-se com “os outros”?
Podemos confiar em gente assim?
Não. Nem pensar nisso. Mas são eles que governam o Mundo. E na maioria dos casos fomos nós que os elegemos.

 

17
Dez09

i no sábado será assim...

Esta semana, na edição de sábado do i,  “Nós, Escritores” – uma edição especial de ficção com 19 contos inéditos de outros tantos autores portugueses, conhecidos e desconhecidos, e uma crónica de Miguel Esteves Cardoso sobre a forma como escrevemos.

Toda a edição e ilustrada por António Jorge Gonçalves.

Este é o nosso presente de Natal – uma edição de coleccionador com originais de, entre outros, João Tordo, José Luís Peixoto, Margarida Marinho, Patrícia Reis e Paulo Kellerman, para citar os nomes mais conhecidos.

Lista integral dos autores desta edição:

Ana Cássia Rebelo (jurista e blogger)
Ana Garcia Martins (jornalista)

Blonde with a PHD (Prof Universitária e blogger)

Cláudia Clemente (Realizadora de cinema e escritora)

Filipa Martins (escritora)
João Gobern (Jornalista)
João Tordo (escritor)
José Luís Peixoto (escritor)
Margarida Marinho (actriz)
Maria Lucena (fotógrafa)

Maria Ramos Silva (jornalista)

Marta Vaz (jornalista)

Mónica Andrezzo Pinheiro (consultora e blogger)

Mónica Marques (jornalista e escritora)

Patrícia Reis (jornalista e escritora)

Paulo Kellerman

Pedro Rolo Duarte (jornalista)

Sofia Vieira (jurista e blogger)

Sónia Morais Santos (jornalista)

15
Dez09

Amarelo piscante

O meu amigo Miguel Coutinho voltou à escrita diária – um exercício difícil, mas que puxa pela imaginação, pela criatividade, e pela competência. Nada que lhe falte. Por isso, tudo de bom.

Na sua estreia, ontem, no Diário Económico, ele convoca uma metáfora de Portugal a partir de um sinal de trânsito que o surpreende no Brasil. O sinal diz: “Entre com cuidado no amarelo piscante”.

Vale a pena ler o resto, aqui. E perceber que a razão pela qual muitos de nós ainda compram jornais diários passa mais por um texto que nos surpreende, nos faz pensar, nos interroga, do que por todas as lógicas que durante décadas alimentaram os livros sobre jornalismo.

Eu sei que é a pergunta do milhão de dólares – mas uma pequena percentagem da resposta está numa palavra mais ou menos comum: autoria. Ou antes: personalidade. Nas páginas, nos jornais, nas marcas.

13
Dez09

Let's reboot?

Ao ver esta capa da edição britânica da Wired, ainda por cima depois de ler a imprensa do fim-de-semana e uma vez mais reconhecer um país doente, cansado e triste, achei que o titulo de capa da revista podia bem ser adaptado: "Let's reboot Portugal".

Estamos a chegar a uma fase em que só por essa via lá chegamos.

No dossier que sustenta esta capa, a Wired pretende um país novo, 3.0, e avança ideias ousadas, como a possibilidade de qualquer cidadão avançar com propostas legislativas e o seu consequente debate online, ou a defesa do acaso na vida, contra a ditadura da escolha e da definição. É um dossier muito mais à frente do que o lamentável estado em que estamos - mas, ainda assim, a ideia de reboot parece-me ajustada à ealidade portuguesa. Let's reboot?

09
Dez09

A tampa que salta

Saltou a tampa a Maria José Nogueira Pinto.

Como a compreendo, meu deus. Basta ouvir a voz daquele homem, daquele Gonçalves.

Foi incorrecta, muito bem. Não devia, pois claro.

Mas aqui entre nós, gosto muito daquela frase que não quer dizer nada mas diz muito: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Na verdade, Maria José Nogueira Pinto está mal - não por lhe ter saltado a tampa, mas porque o seu talento, a sua inteligência, a sua visão, perdem-se no vazio daqueles corredores, no desperdicio daqueles dias. Percebo-lhe o gosto e a vontade, mas usando uma frase do povo que a elegeu: "aquilo não é para ela...".

E é por essas e por outras que "aquilo" está como está e funciona como funciona. Faça-se a reportagem que falta sobre o dia a dia do Parlamento e dos deputados, hora a hora, de segunda a sexta, e das comissões, e das reuniões, e dos debates, e ficará claro a quem serve aquele casa. E para que serve.

 

07
Dez09

Um fumador a dormir

(Crónica da revista de sábado do "i" dedicada ao tema "Nós, Viciados"...)
 

Se um tipo de Marktest me apanhasse na rua e me pedisse para responder a um inquérito sobre vícios, eu dizia que sim. Sim, eu sou viciado. Em quê? Em tabaco. Cigarros. Fumador.

- E quantos cigarros fuma por dia?, perguntaria o inquiridor.
- Nenhum, responderia eu.

E a partir daqui tínhamos um problema. Eu tinha de explicar o que nenhum quadrado de um inquérito contempla, o que as estatísticas não podem considerar – não é sim, não é não, não é talvez, não é “não sabe/não responde” -, o que não se explica ou não se percebe a não ser que se viva ou se resista.

É o que vou tentar fazer.

Fumei o meu último cigarro às 11 horas da manhã do dia 4 de Abril de 2006. À época, fumava dois a três maços por dia – o que incluía acordar a meio da noite para fumar, violar as normas da aviação e fumar, escolher cinemas com intervalo para fumar, e outras maluquices do mesmo género. A vida, os dias, a forma como escrevia, tudo era definido em função do tabaco. Fazia parte daqueles que defendem que o “fumo indirecto” é uma invenção dos não-fumadores e das companhias de seguros, e nunca dei o devido valor a quem, não fumando, me aturou anos a fio nesta nuvem de fumo, da minha mãe à mãe do meu filho, passando por alguns dos melhores amigos. Nem falando do próprio filho, que passou anos a escrever ao Pai Natal pedindo que o pai deixasse de fumar.

Conseguiu o que queria, e ainda bem. Sou mais feliz hoje por não fumar – e o que custou, e o que passei, não foi bom nem desejo a ninguém.

Passaram três anos e meio. Não tenho saudades de fumar, ainda que a ansiedade tenha ganho uma nova dimensão nos dias e a sensação de que me falta qualquer coisa seja permanente. Como Smint’s como quem fuma – e os 12 quilos a mais na balança persistem em lembrar-me que como e bebo mais, nem que seja água, nem que seja bolacha integral.

Não sei o que me falta, mas sei que me falta sempre qualquer coisa. Deixei de saber o que fazer com as mãos num ambiente que me intimide. Como se não bastasse, os cigarros passaram a constituir um problema – a garganta entope e a tosse renasce sempre que estou em ambientes de fumo, o cheiro do tabaco desagrada-me e sinto-o mais do que os não-fumadores que me rodeiam. Não aguento muito tempo num bar ou discoteca onde toda a gente fume.

No entanto...

No entanto, sempre que a dormir sonho - e me lembro do que sonhei – há cigarros envolvidos. Sonho que fui “apanhado” a fumar, sonho que fumo a marca de cigarros que o meu pai fumava, sonho que experimento alternativas aos cigarros, sonho com charutos, sonho que fui dispensado porque fumava, sonho que sou elogiado porque ainda fumo, sonho com o cheiro do tabaco. Sonho sempre. Sempre.

E acordo sempre num estado de agitação, de ansiedade, que me obrigam a fazer um ponto de situação e, por fim, descontrair: estava a dormir... São sonhos realísticos, muito plausíveis, que despertam complexos de culpa e falhanços inexistente – muito incomodativos, mesmo que a psicologia me diga que são “excelentes indicadores de que está a ultrapassar o estado adicto”...

A verdade é só uma: ainda que dos meus dias esteja arredado o vício que me acompanhou durante 30 anos, ainda que o incómodo que o tabaco hoje me provoca indicie sucesso na empreitada, os sonos agitados e os sonhos obsessivos dizem-me que continuo, três anos e meio depois, o mesmo fumador que era. Apenas me dei ao luxo de me maltratar, impedindo-me de fumar. Felizmente, claro.

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Blog da semana

Gisela João O doce blog da fadista Gisela João. Além do grafismo simples e claro, bem mais do que apenas uma página promocional sobre a artista. Um pouco mais de futuro neste universo.

Uma boa frase

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