Já não adianta pretender que o episódio não ocorreu. Temos os nomes, temos as circunstâncias, temos os factos. Também já não adianta discutir se é eticamente correcto, numa crónica de opinião, denunciar factos que resultam de uma conversa privada. Uma vez que já sabemos os factos, tudo o resto deixa de relevar. Deixemos às corporações do costume o insulto barato e a frouxa tentativa de defender o indefensável.
Juntemos ao molho de brócolos o texto de Henrique Monteiro no Expresso: “Sócrates é o pior primeiro-ministro no que respeita à Comunicação Social; o único que telefona e berra com jornalistas, directores, com quem pode. O único em que nestes mais de 30 anos que levo de vida jornalística, se preocupa doentiamente com o que dizem dele, em vez de mostrar grandeza e fair-play com o que de errado e certo propaga a Comunicação Social”.
Está tudo dito.
O país, e os socialistas, mereciam melhor sorte – mas não se podem queixar muito, votaram nele. Não foi há muito tempo. Aturem-no.
Já há uns dias que não ia ao blog da Sónia, de quem sou um miserável (mas sentido...) padrinho de casamento. Fui agora. E estava lá este post, absolutamente verdadeiro. Sorri, e a minha tarde ficou mais luminosa.
Foi só fazer copy-paste. Ei-lo:
No Sábado encontrei o meu amigo PRD na Fnac do Chiado. Às tantas, mostrou-me o filho, Olha só, tão grande. E eu fiquei boquiaberta. Eu andei com aquele miúdo ao colo e agora tenho de inclinar a cabeça para trás para falar com ele. Mede 1,80m, tem 15 anos, está um rapazola. E foi então que dei por mim a dizer as parvoíces que sempre ouvi os cotas dizerem-me, quando tinha a idade dele (ainda que eu nunca tenha passado do 1,60m):
- Eh pá, tu estás enorme! Mas como é que é possível? Xiiiiiii! Mas o que é que tu comes? Fermento? Eu andei contigo ao colo e agora...
Ao mesmo tempo que falava, havia uma vozinha dentro de mim, tipo grilo do Pinóquio, que sussurrava: O que é que tu estás a dizer, pá? Tu estás a ouvir-te, pessoa? Que raio de conversa é essa? "Fermento?", "Eu andei contigo ao colo"?
Mais um bocadinho e dizes-lhe aquela tão típica, também: "Vocês é que nos fazem velhos!"
Porque é que acabamos sempre a fazer o mesmo que nos fizeram? Porque é que dizemos as mesmas frases-feitas idiotas a que, anos antes, torcemos o nariz?
Olha, António, tu desculpa lá qualquer coisinha. Não sabias o que me responder, não foi? Pois, claro. Quando era comigo, também ficava calada. Calada e a pensar: mas que grande cromo!
No sábado passado, o cromo fui eu. Deixa lá, António. Daqui a uns 15, 20 anos, hás-de estar tu a encontrar um puto qualquer, que conheceste minúsculo, e hás-de-lhe dizer:
- Eh pá, tu estás enorme! Mas como é que é possível? Xiiiiiii! Mas o que é que tu comes? Fermento? Eu andei contigo ao colo e agora...
E nesse dia... nesse dia vais-te lembrar de mim.
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Gisela João O doce blog da fadista Gisela João. Além do grafismo simples e claro, bem mais do que apenas uma página promocional sobre a artista. Um pouco mais de futuro neste universo.
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Opinião Público"Aquilo de que a democracia mais precisa são coisas que cada vez mais escasseiam: tempo, espaço, solidão produtiva, estudo, saber, silêncio, esforço, noção da privacidade e coragem." Pacheco Pereira
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