No Rio de Janeiro, de passagem (I)
No meio do engarrafamento permanente que liga o Leblon a São Conrado, o taxista, habitante da Rocinha, explica o método da eleição:
- Você vai votar no deputado estadual, no deputado federal, nos senadores, no Governador e no Presidente. Todos os candidatos têm um número. Para não fazer confusão você pega um papel, vai tomando nota do número do corrupto em quem vai votar, e depois é só colocar o voto nos seus corruptos.
Por instantes, pareceu-me não perceber. Mas foram instantes breves – o motorista não chamou “corrupto” a um político, chamou a todos. Como se fosse sinónimo de politico. Sem revolta nem indignação. Conformado.
Acrescentou:
- Na verdade, já sabemos que eles vão lá roubar. Só não queremos que roubem demais. Lula não roubou muito, e fez coisas pelas comunidades. Por isso eu voto na Dilma – no resto voto nulo, não voto corrupto em tudo.
Na camisa do motorista estava bordada uma bandeira do Brasil.