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Pedro Rolo Duarte

30
Nov10

Coisas que me encanitam (IX)

Poder combinar logo mas não combinar. Adiar. Assim: “ligo-te para a semana e combinamos almoçar”. Ou: “já te digo qualquer coisa e combinamos”. Ou ainda: “A ver se falamos com calma um dia destes...”

O interlocutor não quer combinar coisa alguma, sabe perfeitamente que não vai ligar nem combinar nem falar, mas não quer fazer figura de desmancha-prazeres. Uma espécie de mensagem no Facebook que procura evita um contacto. Um desviar de olhos.

Tenho uma lista de pessoas a que chamo os “já te ligo”. Os que ficaram de ligar, os que prometeram, os que se desculparam, os que deixaram de precisar mas nunca disseram, os que a qualquer momento voltam como se nada fosse. Enfim, esses.

Vivemos num tempo em que não há desculpas para a ausência de comunicação. Talvez por isso, todos os dias inventamos novos pretextos para continuarmos cada um para seu lado. A ver se falamos um dia destes.

29
Nov10

A hora tablet

Os jornais online e os militantes das noticias em primeira-mão andam há 3 ou 4 horas a gritar que o iPad começa a ser vendido esta noite em Portugal. Se lessem o Correio da Manhã, saberiam da noticia desde manhãzinha (está na página 48) e até saberiam quem são os "famosos" que se chegam á frente para não pagar o gadjet...

Bom, a propósito do iPad, um anuncio que mão familiar me fez chegar. Muito bom...

 

 

 

 

28
Nov10

Tudo como dantes

Quem me conhece sabe que gosto de comer bem. Que gosto de gastronomia. Que gosto de cozinhar (e tenho a mania que sei...). Não me passa ao lado a diferença entre dois bifes, como distingo o ponto de uma pasta. Ou a presença de flor de aniz num caril. Da mesma forma, sei por que raio me falhou um cabrito assado no forno. Ou uma açorda. Ou porque me espalho sempre com os pastéis de bacalhau. Sei. Digo eu, claro.

Este intróito vaidoso serve para dizer que noto, com satisfação, que Lisboa se tornou uma cidade mais próxima de Nova York do que de Madrid: o número de restaurantes que abriu em 2010, na escala e proporção da cidade – seja no tamanho, no rendimento, ou na condição económica... – é brutal e indicia tudo menos crise.

(Ou talvez não: foi nos momentos críticos da vida americana do século XX que mais se desenvolveu a indústria do entretenimento... Talvez pudesse ir por aí.)

Mas isso agora não interessa nada. O que interessa é que, apesar de ainda não conhecer a maioria dos novos restaurantes, ontem, numa sincera homenagem à ideia “só gosto do que já conheço”, voltei ao Painel de Alcântara para o clássico Cozido à Portuguesa de sábado. Há o de quarta, que foi quando tudo começou. Mas fiquemos assim, por este.

Não há nada melhor que voltar a uma casa que se conhece de longe. O cozido, apesar da multiplicação de comensais, não mudou. Continua a ter tudo - e tudo continua bom, com ressalva ligeira para o arroz, que veio espapaçado, mas teve desculpa porque eram três da tarde...

O serviço, que sempre foi simpático sem ser perfeito, está igual. E confesso que só por vergonha não fui reler o artigo emoldurado na parede (publicado na “Preguiça”, de O Independente), assinado por Pedro Mana, o meu heterónimo naquela revista que o Miguel criou e dirigiu.

Tenho a certeza de que dizia bem. Mas não sei se está lá escrito o essencial. Fica aqui: voltar a uma casa como o Painel de Alcântara e encontrar tudo como estava há mais de dez anos, não é obra. É milagre. Pelo menos, é o melhor que pode encontrar quem nunca procurou mais do que isso.

Os novos restaurantes podem esperar.

24
Nov10

O clamor

(Texto originalmente publicado no blog Delito de Opinião, a convite do Pedro Correia)

 

Há uns anos, ao balcão de um conhecido restaurante lisboeta, debatia com o empregado a essência da democracia. Ele saudava – com saudade e em saudação... – Oliveira Salazar, e afirmava que os melhores anos da sua vida tinham sido passados sob a ditadura.

Eu tentava explicar-lhe as vantagens da democracia: o direito de voto, a liberdade de expressão, a fiscalização permanente do poder.

Em vão. À liberdade de expressão, respondeu-me: “de que me serve poder gritar se não tiver o que comer e por isso nem força terei para gritar?”. Ao direito de voto, disparou: “de que me serve votar, se ganham sempre os mesmos desde 1974? Ao menos com o Salazar não havia ilusões de mudança”. E à fiscalização do poder, foi claro na resposta: “quando alguém percebe o erro que eles cometeram ou os abusos praticados, já eles estão longe a administrar empresas privadas ou mesmo públicas...”.

Na simplicidade da argumentação, aquele homem calou-me. Era impossível dar-lhe razão, mas era ainda mais difícil rebater a argumentação.

Tenho-me lembrado dele nestes dias de crise. Nestes dias em que de nada serve a liberdade de gritarmos contra o sistema, de pouco serviu a presumível fiscalização do poder que nos cabe, nestes dias em que está à vista o que do nosso voto foi feito.

No caldo que está criado para desacreditar o sistema, abrem-se as bolhas da intolerância que resultam nos raciocínios simples, lineares, difíceis de rebater. Quando a democracia não responde por si, naturalmente, a quem dela duvida, quem por ela pode responder que não seja ditadura? Foi aqui que chegámos. É aqui que estamos. De uma vez por todas, alguém que nos grite o essencial: que este é o pior dos regimes, com a excepção de todos os outros. É por isso que clamam os democratas. É por isso que clamo e reclamo. Mas também é isso que, como o empregado salazarista do restaurante que frequento, começo a precisar que me provem. Já não chega acreditar.

23
Nov10

Psico-Portugal

(Crónica originalmente publicada na edição de Novembro da revista Lux Woman)

 

Cortava-me o cabelo de forma ligeira, rotineira, habitual, e dizia: “Sabe lá, muitas vezes sou mais psicóloga do que cabeleireira – eu oiço as clientes, adivinho-lhes as manias e os dias bons ou maus, oiço de tudo. Devia até ganhar um extra…”.

Dias antes, à noite, num táxi, o motorista: “O senhor não imagina, mas aqui ao volante somos os médicos dos clientes, como se fossemos psiquiatras a ouvir as maluquices que nos contam. Até de consultor sexual já fiz”.

Há bocado, na televisão, reportagem sobre o estado da justiça. Fala um advogado: “nós somos advogados, mas também somos psicólogos e médicos dos nossos clientes. Quando se trata de direito da família, nem se imagina os conselhos que damos. Até costumo dizer que, entre noivos, mais do que medicina preventiva, deve ser feita advocacia preventiva”.

Agora mesmo, num artigo de jornal sobre prostituição: ela, a prostituta, diz ao jornalista que se sente psicóloga dos seus clientes. “Muitos nem querem sexo, apenas desabafar sobre a condição em que se encontram. Outros, fazem do sexo o seu tratamento, encontramos aqui de tudo”.

Acordo para esta sequência de ideias repetidas, feitas, corriqueiras, e percebo por fim o que se passa em Portugal: somos todos psicoterapeutas de todos os outros que são doentes como nós. Estamos deprimidos por inteiro – mas revezamo-nos nesta condição, devolvendo-nos a rábula que, noutra dimensão, a actriz Ivone Silva popularizou: era a “Olivia patroa, Olivia empregada”, passa a ser a “Olivia deprimida, Olivia psicóloga”.

Andamos a reboque uns dos outros, desabafando no cabeleireiro ou no dentista, no advogado ou no balcão do café, tapando as nossas insuficiências com as insuficiências alheias, fingindo que somos o troféu de sensatez, e usando a velha máxima: “faz o que eu digo, não faças o que eu faço”.

Enquanto isso, os psicólogos devem viver a maior crise de sempre – porque há crise mesmo, e porque qualquer taxista os substitui. Porque a sabedoria e o estudo de poucos lhes serve, qualquer profissional dedicado às madeixas e nuances, ou à barra do tribunal, pode fazer diagnóstico e respectivos caldos de galinha.

Sei que é absurda a ideia. Mas ela remeteu-me para o único momento (de que me lembro…) em que senti que estava a perder o pé à vida e não conseguia dominar a tristeza que sentia. Pedi ajuda. Aterrei num consultório de uma extraordinária psicoterapeuta (profissional, essa sim…) que, em poucos meses, me ajudou a desenhar o retrato dos meus dias, que teimava em ser um puzzle solto numa caixa sem fundo. Fiquei-lhe grato para sempre, não apenas por me ter ajudado mas também por ter desfeito mais um dos preconceitos que me acompanhou dezenas de anos e que enviava a psicologia para o campo da irrelevância. Eu fazia parte daquele grupo que acha que uma depressão se cura com uma garrafa de whisky e umas saídas com amigos. Não conseguia perceber o potencial de um diálogo em que construímos o edifício de nós próprios e, ao mesmo tempo, nos projectamos no futuro. Em pouco tempo, levei duas lições de vida dadas pela mesma mulher – e a Dra. Etelvina Brito era, realmente, uma mulher superior. Na sensatez como na inteligência, na forma como encaminhava as nossas conversas como na maneira como ironizava sobre a vida. Uma mulher sábia.

Como seguramente não são, pelo menos nestes domínios, a cabeleireira, o taxista, o advogado, o empregado de café. Somos psicólogos uns dos outros? Parece que sim. Mas somos amadores. E os males da alma merecem maior cuidado. Atenção. E humildade. Quem sabe ouvir e tratar, tem profissão, tem formação. Portugal psicoterapeuta? Nada disso. Apenas à deriva, a precisar de terapia.

22
Nov10

Tá lá? É da guerra?

Portugal passou o fim-de-semana à espera de dois blindados comprados pelo Governo para “segurar” a Cimeira da Nato. Parece que também se esperavam 45 viaturas anti-motim, um canhão de água, uma viatura pesada e seis ligeiras para a remoção de obstáculos – qualquer coisa como cinco milhões de euros gastos numa adjudicação directa, dada a urgência da encomenda...

Porém, a encomenda tardou e não chegou a tempo de cumprir a sua missão. Diz o Diário de Noticias que os dois blindados essenciais terão chegado por via terrestre esta madrugada...

Que se saiba, uma vez mais, ninguém foi responsabilizado. O Ministro da Administração Interna mantem-se no seu posto, bem como os restantes envolvidos neste momento dramático da mais pura comédia. Dito de outro modo: se não fosse de chorar, seria de rir.

A mim, confesso, fez-me lembrar o Solnado e a guerra de 1908, quando o desempregado teve de ir para a guerra sem cavalo, que lá na feira só vendiam cavalos com carroças e moscas. É a sina portuguesa, andar sempre sem a ferramenta...

 

 

 

 

 

 

21
Nov10

Democracia, dizem eles

 

Se tivesse de escolher a imagem certa e certeira para a cimeira da Nato, seria esta, que encontrei na primeira página de sábado do Financial Times.

Obama foi a super-estrela do encontro, uma espécie de artista pop em versão política - e na imagem (além de me lembrar de Michael Jackson sempre protegido por um guarda-chuva...), estabelece-se bem a hierarquia do evento: o presidente americano num plano superior, os outros presidentes mais abaixo (aqui, representados por Cavaco), e os cidadãos, rasteiros ao chão, servindo sua excelência e protegendo-o da intempérie. A distância entre o homem do guarda-chuva e o objecto da sua atenção revela esta cidade sitiada em que vivemos – num histerismo de medo que, curiosamente, ignorou o resto de Lisboa. Para registo de memória, lembro que o 11 de Setembro, em Nova Iorque, e o 11 de Março, em Madrid, não tiveram como alvos os lideres políticos, mas sim os cidadãos comuns, em espaços públicos como as Torres Gémeas ou uma estação de comboios.

Um taxista dizia-me, na sexta-feira à noite, que as medidas de segurança em Lisboa revelavam que “isto da democracia era um falhanço completo, porque nós, humanos, não sabemos viver em liberdade”. Não cheguei a responder-lhe, por manifesta falta de paciência, mas na verdade ele tem um bocado de razão. Tem o bocado que diz respeito aos que vivem em liberdade condicionando a liberdade dos outros, atropelando leis e Constituições, definindo excepções como se fossem efectivamente ditadores. Jurando que não são.

Este fim-de-semana, os lisboetas souberam o que era viver no mesmo espaço dos homens que andam debaixo de um qualquer guarda-chuva alheio, mas sempre acima e à frente. E lá está o drama da democracia: não votámos neles. Nem nos que se lhe opunham. A imagem não podia ser mais evidente. E a pergunta também: democracia, dizem eles?

O povo tinha razão quando inventou que quem se lixa é sempre o mexilhão.

19
Nov10

Brincar à demagogia

“Alguma coisa está mal quando o presidente da TAP ganha tanto ou mais do que o Presidente dos Estados Unidos, quando o governador do Banco de Portugal ganha tanto ou mais do que o presidente da Reserva Federal”, diz o líder do CDS Paulo Portas, em mais um momento “Vamos brincar à demagogia”.

Já sabemos o que, nesta matéria, a casa gasta: quando dá jeito falar de competência e eficácia, vem o exemplo de Paulo Macedo nos Impostos (e não é demais lembrar que o próprio abandonou o cargo logo que foi alterado o estatuto de remuneração dos cargos dirigentes da função pública). Quando, pelo contrário, o momento é de aperto, lá vêem os salários “milionários” encher a boca de quem não pretende mais do que ganhar votos na maré alta da insatisfação.

Se a proposta do CDS – legislar um tecto para os vencimentos das empresas onde o Estado tem participação - for avante, preparemo-nos para o pior: os bons gestores vão fugir das empresas e instituições ligadas ao Estado, e daqui a uns anos o mesmo Paulo Portas, agora na versão conservadora, estará a reclamar a liberalização dos vencimentos, sempre “em nome do mercado”, ou “em nome da Nação”. Que, de vez em quando, vem lamentavelmente dar no mesmo.

Ora, o que eu gostaria, antes de debater os valores em causa, era de ver traduzido nos vencimentos dos gestores o seu desempenho, a sua eficácia, o seu cumprimento, para o melhor e para o pior. Não me incomoda nada que Fernando Pinto ganhe mais do que o Presidente americano, se ele conseguir fazer da TAP uma companhia (pelo menos) equilibrada e sólida (o que, até prova em contrário, não sucedeu, tendo embora o álibi verdadeiro de dez anos de “turbulência” no negócio da aviação civil). Mas é óbvio que também gostaria de o ver penalizado caso demonstrasse incompetência ou incumprimento – e aqui penalizar não é retirar bónus a um ordenado milionário, é responsabilizá-lo pelo mau uso de dinheiros públicos, pelo mau desempenho de um lugar no aparelho de Estado. É impedi-lo de gerir outras empresas no futuro, é criar mecanismos que garantam as boas práticas.

Se a incompetência e a negligência na gestão dos dinheiros de todos nós desse pena, nem que fosse de suspensão – havia, aí sim, muita gente incompetente a fugir daqui para fora. E bons gestores, muito bem pagos, a dar o seu melhor.

A razão pela qual a demagogia tem pasto onde arder é justamente por ser fácil apontar o dedo aos milhões quando quem nos ouve só tem dividas. Mas a demagogia tem sempre a perna curta – porque anda de mão dada com a mentira e nunca tem solução para o problema que grita.

17
Nov10

Muitas vezes, assim

Tenho ideias e coisas para dizer. Tenho notas tomadas. Às vezes até me canso de ter tanta opinião. Mas depois passeio pelos blogues (que é trabalho de todos os dias), leio os jornais, oiço os debates que enchem os canais de cabo de notícias, e esvazio-me como se fosse um balão a que tivessem desatado o nó. Deixo de ter opinião, ou acho que de opiniões já basta.

Nesses momentos, fico assim, como este poema de Ruy Belo:

 

Mas que sei eu das folhas no outono

ao vento vorazmente arremessadas

quando eu passo pelas madrugadas

tal como passaria qualquer dono?

Eu sei que é vão o vento e lento o sono

e acabam coisas mal principiadas

no ínvio precipício das geadas

que pressinto no meu fundo abandono

Nenhum súbito lamenta

a dor de assim passar que me atormenta

e me ergue no ar como outra folha

qualquer. Mas eu sei que sei destas manhãs?

As coisas vêm vão e são tão vãs

como este olhar que ignoro que me olha

 

É essa a pergunta que tanta gente nunca faz: “mas que sei eu?”

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Blog da semana

Gisela João O doce blog da fadista Gisela João. Além do grafismo simples e claro, bem mais do que apenas uma página promocional sobre a artista. Um pouco mais de futuro neste universo.

Uma boa frase

Opinião Público"Aquilo de que a democracia mais precisa são coisas que cada vez mais escasseiam: tempo, espaço, solidão produtiva, estudo, saber, silêncio, esforço, noção da privacidade e coragem." Pacheco Pereira

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