Um só peso
Nunca consegui entender as manifestações de júbilo, entre fundamentalistas religiosos, sempre que um atentado terrorista tinha sucesso. Aliás, nem consigo perceber como se “festeja” a tragédia alheia, seja ela qual for. Ou a morte. Ou a tortura.
Também cresci educado no princípio da justiça, contra o “olho por olho, dente por dente”. Uma vida paga-se num tribunal e numa prisão, não se paga com outra vida.
Posso aceitar, num enquadramento improvável de uma guerra-não-declarada, que a morte de Bin Laden seja considerada em combate. Custa a engolir, mas enfim...
Mas não posso partilhar o júbilo e a festa. Não quero ser como eles. Não vou para a rua festejar como eles.
Quero continuar a sentir que a minha diferença é a minha cultura. E que foram milhares de anos para chegarmos aqui. Não quero deitar fora a herança que recebi de mão beijada em nome de um estafermo morto na guerra. E quero passar essa herança para o meu filho. Imaculada e pronta a ser ainda melhor usada.