Há coisas que não percebo:
... Mas afinal o Isaltino de Morais estava em liberdade?
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... Mas afinal o Isaltino de Morais estava em liberdade?
Pois é: desde ontem que só oiço isto, que só quero ouvir isto. Isto e os outros 10 temas que integram "A Different Time", o disco novo da Marta Hugon, e o primeiro em que praticamente todas as composições são originais (dela com Filipe Melo, Bernardo Sassetti, André Fernandes) e há uma versão notável de "For no One" dos Beatles, além do clássico "I'll be Tired Of You".
Ainda não há disco, andam aí umas canções soltas a tocar em alguns I-pods, mas a amostra que fica já diz quase tudo. Não tarda e anda aí por todo o lado.
Obrigado, Marta!
Sinto-me um bocado patinho feio quando se fala de televisão: apesar de oficial do ofício, vejo pouco, não sigo séries – quando as vejo, em geral, é já na versão DVD -, filmes só no cinema, e além das noticias, dos documentários e das reportagens, há pouca coisa que me prenda ao ecrã.
(Confesso: gostava de um dia apresentar um concurso como o Milionário ou algo do género, mas reconheço que já devo ir tarde para mais esse desígnio, entre tantos desta vida..)
Bom, a verdade é que fico todo contente quando um programa da grelha comum me agarra – porque gosto de poder discutir e ter opinião e sentir-me igual entre iguais. Aconteceu-me isso com a última série dos “Ídolos” (e foi comovente seguir o caminho daqueles concorrentes até à final, alimentando esperança e fé nos meus preferidos, num jogo ingénuo e sem consequências).
Por causa do meu filho – e do gosto pela cozinha... – deixei-me agarrar agora pelo “Masterchef”. Estou rendido e os meus sábados não dispensam aquela hora. Os concorrentes foram muitíssimo bem escolhidos – o tatuador Mauro é o meu favorito, também não resisto à frieza disfarçada de bonomia da arquitecta Marta, reconheço o talento superior do engenheiro Luís, fiquei triste por ver sair o sorridente publicitário Rodrigo. Mas tudo o resto é superior: o rigor técnico da realização, da edição e da montagem enchem-me as medidas, a escolha do trio de cozinheiros profissionais foi excelente, as ideias que semanalmente nos trazem são criativas, e até o papel discreto de Sílvia Alberto parece adequado àquele ambiente.
É um excelente momento de televisão que conjuga entretenimento, informação, aprendizagem, humor, jogo, num resultado inteligente e emocionalmente próximo do espectador.
Se tivesse de opinar sobre o lado mais popular e acessível do que pode/deve ser o serviço público de televisão, o “Masterchef” era o bom exemplo.
Não cuidei de ver se é um sucesso de audiências ou não. Basta-me ter a certeza de ser um bom programa de televisão.
(... Mesmo que, lamentavelmente, me reduza à ínfima expressão da minha existência na cozinha. Apesar dos momentos felizes no domínio da açorda ou da paelha, ao pé daqueles concorrentes eu sou ainda um zero à esquerda. Tenho muita farinha para comer... E muito Masterchef para ver.)
Ainda há coisas que me fascinam e deslumbram e me deixam sem saber onde acaba o futuro:
Estou numa esplanada de praia depois de um banho perfeito no mar. O alinhamento musical, entre o lounge e a bossa nova, fica perfeito na paisagem, e vou reconhecendo aqui Bebel Gilberto, mais à frente Djavan, um cheirinho de Vanessa da Mata, Bossacucanova. Às tantas oiço um tema que não conheço mas de que gosto à primeira.
Tiro o telefone do bolso, ligo o Shazam, em trinta segundos identifico “Sunshine in Ipanema”, a aplicação indica-me opção de compra, clico no I-tunes, gosto do tema, não me interessa o disco todo, em menos de nada a canção está no meu telefone, gastei um euro, sábado que vem levo-a para a rádio.
Ainda há coisas que me fascinam e deslumbram e me deixam sem saber onde acaba o futuro. Mas seja lá onde for, eu quero continuar por dentro...
Tenho de José Niza uma memória tão distante quanto doce. Era um amigo muito lá de casa quando eu vivia a casa dos meus pais como se fosse um palco: quase todos os dias passavam por lá pessoas que eu só via na televisão. Era miúdo e gostava disso.
(Pormenor talvez não irrelevante: todos os amigos dos meus pais tratavam o puto que eu era por tu e na base da festinha na cabeça. Excepto o José Niza: por você, e com o respeito que um miúdo gosta que lhe tenham e ninguém alguma vez tem. Pois se ainda hoje me lembro…)
Depois conheci o talento do compositor. E muito mais tarde, o homem bom que esteve lá quando foi preciso estar. Nenhum Rolo Duarte esquecerá.
O que junta estas três fases, o que une estas três imagens, é sempre algo de suave, como se se tratasse de uma pessoa que passa sem pesar, que fica mas não ocupa. Não tenho a certeza de ter sido assim o José Niza de quem se fala – mas é deste que me lembro no dia de hoje. E é deste que me quero lembrar.
O meu pai dizia sempre “O Niza”. Quando, no meu quarto, fazia de conta que era crescido e falava com os amigos invisíveis, também dizia “O Niza”. Não me passava pela cabeça crescer – menos ainda que as pessoas morressem e não pudéssemos continuar a falar com elas. Na vida real ou naquela que reproduzia no meu quarto, inventando jornais e imitando o Paulo de Carvalho a cantar o “E Depois do Adeus”. Que era, lá está, “do Niza”.
Mais um post antigo aqui no blog (Dezembro de 2007), sob o titulo "Uma perguntinha à ERC":
Muito rapidamente, que estou cheio de pressa: na página 5 do “Público” de ontem diz-se que o Tribunal de Contas apurou “que o executivo de Jardim gastou em 2005 quase cinco milhões de euros com o Jornal da Madeira, o único diário estatizado do país, onde o governante [Alberto João Jardim] quase diariamente assina uma página de opinião. Aquele montante representa 74,9 por cento do total de fluxos financeiros (...) concedidos naquele ano pela administração pública regional a órgãos de comunicação social”. O jornal acrescenta que a maioria da verba restante se destina a financiar rádios que são propriedade do secretário-geral do PSD Madeira, Jaime Ramos (e que, nesse âmbito, ficam as ditas estações legalmente obrigadas a uma série de compromissos, que vão do noticiário das iniciativas do Governo Regional à promoção de entrevistas com membros do mesmo Governo).
É verdade que me enganei no resultado das eleições. Mas quando escrevi este post, em 2008, sentia o mesmo que hoje sinto: o crime compensa. Vou continuar a resistir-lhe apenas porque nasci assim, sem jeito e sem essa graça.
Eis o post de 20 de Abril de 2008, neste blog:
“Cito a Lusa: “É com um enorme elogio ao presidente do Governo Regional que Cavaco Silva encerra a visita à Madeira: «O senhor não precisa de elogios, a obra que realizou ao longo destes 30 anos fala por si». Para o presidente da República qualquer português que visite o arquipélago perceberá o trabalho de Alberto João Jardim.”
Lido isto, vou dormir tranquilo: não votei em Cavaco Silva (e já tinha concordado com tudo o que Miguel Sousa Tavares escreveu ontem no “Expresso”).
Há algo, no entanto, que não me deixa tranquilo, ou me deixa mesmo perplexo: é que, pela primeira vez, sinto que tenho um Presidente que não é de todos os portugueses.A Madeira precisava de mão firme em Alberto João Jardim e nos seus abusos. Precisava de um PR que o colocasse na ordem. Se nem o Presidente da Republica interrompe o circo que Jardim promove há 30 anos, gozando descaradamente com a cara do Continente que o subsidia, esqueçam lá isso...
Cavaco começou este fim-de-semana a perder o segundo mandato – aquele em que até pessoas como eu votariam nele. Se estivesse no seu lugar, não sei se sorriria. Ou se diria que já chegámos à Madeira”
Assisti ontem a um momento que demonstra que o homem português comum, mercê de mais de vinte anos de integração europeia, não é mais o grunho habitual. Pelo menos este homem, que eu vi, não é mais.
Foi assim:
Eu estava encostado a uma parede, e parado, ele vinha caminhando da esquerda para a direita, e desde há cinco passos ensaiava aquele ruído clássico de quem vai cuspir violentamente para o chão. O ruído é em geral acompanhado de um esgar e de uma espécie de tomada de balanço da cabeça para o arremesso. E assim foi. Porém, no momento decisivo, o homem aproximou-se de um caixote de lixo de gelados da Olá e apontou lá para dentro. Para mais, acertou.
O grunho habitual subiu ao estatuto de grunho europeu. Ibérico, vá. É uma evolução, como outra qualquer.
Se desse para ensinar esta parte do caixote à maioria dos motoristas de táxi de Lisboa, poupavam-me muitas viagens que faço em agonia pré-vómito. Apesar do ruído ser incontornável.
Soube por estes dias que há imensos negócios à beira de concretização na frente-rio de Lisboa. Um deles envolve o cenário desta fotografia – que tirei para colocar no Facebook e tratei no “Instagram” para ficar com o aspecto que eu queria...
Sim, é o cenário dos “Meninos do Rio”, um dos meus poisos certos de Verão há tantos anos quantos os que ele tem – meu e de todas as pessoas que não pedem mais do que um bocado de vista e um ambiente simpático.
Fiquei a pensar numa ideia clássica, que só nos ocorre na eminência de perder o que temos (ou logo a seguir): nunca, nunca valorizamos devidamente o melhor que temos. E sempre que o fazemos é tarde demais.
Também nunca aprendemos com uma coisa, nem com a outra. E lá vamos andando, não é verdade?
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