Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
"Como exprimir em duas linhas o que venho tentando explicar já não sei em quantos livros? A vida é um valor desconcertante pelo contraste entre o prodígio que é e a sua nula significação. Toda a «filosofia da vida» tem de aspirar à mútua integração destes contrários. Com uma transcendência divina, a integração era fácil. Mas mais difícil do que o absurdo em que nos movemos seria justamente essa transcendência. Há várias formas de resolver tal absurdo, sendo a mais fácil precisamente a mais estúpida, que é a de ignorá-lo.
Mas se é a vida que ao fim e ao cabo resolve todos os problemas insolúveis - às vezes ou normalmente, pelo seu abandono - nós podemos dar uma ajuda. Ora uma ajuda eficaz é enfrentá-lo e debatê-lo até o gastar... Porque tudo se gasta: a música mais bela ou a dor mais profunda. Que pode ficar-nos para já de um desgaste que promovemos e ainda não operamos? Não vejo que possa ser outra coisa além da aceitação, não em plenitude - que a não há ainda - mas em resignação. Filosofia da velhice, dir-se-á. Com a diferença, porém, de que a velhice quer repouso e nós ainda nos movemos bastante".
Vergilio Ferreira, em "Um Escritor Apresenta-se"
"É sempre devido a um estado de espirito não destinado a durar que se tomam resoluções definitivas".
Proust, traduzido por Mário Quintana, num dos volumes de Em Busca do Tempo Perdido.
Aplica-se hoje, 1 de Setembro, a tantos factos, que não tenho tempo para os listar. Mas eles, os factos, sabem a quais deles me refiro.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.