Começa hoje, dia 6, é aberto ao público, e num tempo em que toda a gente tem medo de fazer alguma coisa e a maioria nada faz, é bom ver que há quem se mexa...
A APTCA - Associação Portuguesa de Tripulantes de Cabine - fica na Av. Alm. Gago Coutinho, 90, em Lisboa, e além da feira estão previstos debates, encontros, lançamentos de livros, enfim - é irem ao site e descobrirem o programa.
Também vou passar por lá num certo dia - mas sobre isso, falamos em breve...
Não sei da vossa, mas sei da minha: a vida seria hoje bem menos interessante, impactante, global, cruzada, ligada e divertida sem o génio de Steve Jobs.
O Público de hoje traz um pequeno dossier sobre os diversos caminhos que a imprensa internacional – e a nacional também – tem experimentado para perceber que modelo de negócio vão ter os jornais do futuro, com ou sem papel impresso, mais digital ou menos digital, mais pago ou menos pago.
É a pergunta que vale um milhão de dólares: qual é o futuro deste presente incerto?
José Vítor Malheiros, experimentado especialista de tecnologias e media, remata um artigo de opinião com o essencial da questão:
“O jornalismo só sobreviverá, se o for realmente. E, se não for, que morra. Alguma coisa aparecerá”.
Está cheio de razão. Não há plataforma, rede, sistema ou aparelho que substitua a essência da profissão. O futuro do jornalismo é ele próprio, se souber ser o melhor que sempre foi.
Dito isto, resta-me acrescentar que, como sempre, um bocado generoso do prazer que os dias me dão passa por comprar jornais, senti-los virgens e ir lendo um a um, ao longo do dia, numa espera de reunião ou ao pequeno-almoço, no sossego da noite ou num final de tarde junto ao rio.
Sei que tenho tudo isso no I-Pad, mas ainda prefiro o cheiro, o toque e o barulho das folhas de papel que se descolam umas das outras. É um prazer rasgar uma página e guardar na agenda, porque está ali qualquer coisa que vou usar mais tarde.
Chamem-me romântico, como diria o Nuno Miguel Guedes...
Há um generoso conjunto de razões, que não vou agora cansar-me a elencar, para não ler críticas. De cinema, de música, de livros, de teatro. Quando leio criticas, é mais para aferir sobre a pertinência de comprar o bilhete para o filme que está com bola preta do que para ter a certeza de estar em desacordo com o critico. Em 99% dos casos, estou.
Já tive polémicas públicas por causa disso, já me arrependi dessas polémicas, digamos que vivo em paz com os outros. Consegui sempre um tiro no porta-aviões: rapaz com quem impliquei tornou-se chefe, director, manda-chuva de qualquer meio onde – oh, vá lá saber-se porquê – nunca tive, ou logo deixei de ter, lugar…
Aprendi, claro. Nunca mais fui solidário, nem militante indignado, nem testemunha. Passei a ser como “eles”. Os outros. Todos os outros. Basicamente, estou-me nas tintas.
Ontem à noite fiquei em estado de choque porque estava distraído com o calor no Alentejo e com uma crónica do Pedro Mexia sobre o DN-Jovem, e comecei a ler uma critica - do José Mário Silva, que será sempre personagem de um livro que um dia vou escrever – onde às tantas, para designar um calhamaço, um livro grosso, um peso-pesado da literatura, ele escreveu a palavra “cartapácio”. Ora, para mim sempre foi um “catrapázio”. Aquilo encanitou-me.
Como me engano muitas vezes a respeito das pessoas que em algum momento me tiraram do sério, admiti que ele tivesse razão.
E tem:
“Cartapácio
s.m. Carta grande. Livro grande e antigo em mau estado; calhamaço. Coleção de papéis manuscritos, em forma de livro. Alfarrábio”.
E eu ralado: catrapázio é palavra bem mais sonora e representativa, tem qualquer coisa de Caterpillar, e soa francamente melhor.
Como vale tudo nesta fase de transição entre a velha e a nova ortografia, continuarei a dizer que um polvo pertence à família dos cartapácios, que um catrapázio é um livro que jamais lerei, e com jeitinho até invento um prato de cartapácio de atum.
No fundo, é o costume: as palavras são o que quisermos.
Gisela João O doce blog da fadista Gisela João. Além do grafismo simples e claro, bem mais do que apenas uma página promocional sobre a artista. Um pouco mais de futuro neste universo.
Uma boa frase
Opinião Público"Aquilo de que a democracia mais precisa são coisas que cada vez mais escasseiam: tempo, espaço, solidão produtiva, estudo, saber, silêncio, esforço, noção da privacidade e coragem." Pacheco Pereira
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