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Pedro Rolo Duarte

28
Nov11

Links cheios de preguiça

Há dias em que a preguiça é quem mais ordena.

Deixo os links. Quem quiser que os siga. Quem os seguir vai perceber os chamados "pequenos nadas" que (também) nos conduziram ao estado em que estamos:

- "NAER investiu mais de 40 milhões a estudar construção do aeroporto na Ota"
- "Estado gastou mil milhões de euros com 14 empresas públicas"

- "RAVE gastou 14,6 milhões de euros com TGV em quatro anos"

- O buraco dos estádios de futebol em Portugal

- O buraco da Parque-Expo

 

27
Nov11

Este sábado

 

 

Este sábado foi um dia simpático:

O Hotel Babilónia esteve bem ao lado do fado sem ser redundante.

O Benfica ganhou.

Aprendi a fazer sushi.

O meu filho teve uma boa notícia do seu processo de “internacionalização”.

Não fosse a leitura dos jornais, e tinha sido um belo dia com sol de inverno e tudo, como eu gosto...

25
Nov11

Day After

Sei que ter sido honrado com uma presença de muitas horas na homepage do Sapo com o post anterior não apenas elevou a audiência do blog a números incomuns como resultou no segundo maior numero de comentários a um único post desde que o blog existe.

Um grande momento!

Mas, para mim, o melhor desse momento foi ter assistido, na caixa de comentários, a um debate de ideias civilizado sobre a situação do país e a greve geral em particular. Só fui forçado a rejeitar um comentário por ser ofensivo e mesmo ordinário.

Normalmente, não comento os comentários. Tenho no “livro de estilo” aqui do blog que só em casos excepcionais – correcção factual de um erro, equivoco demasiado exposto, etc... – eu escrevo “em cima” do que os leitores escrevem.

Abro essa excepção hoje apenas para dizer que, ao contrário do que sugerem alguns comentadores, eu não sou “contra” a greve geral. Como podia ser? Sou um democrata, respeito todas as opiniões, acho que a greve é um direito inalienável, seja parcial, seja geral, acho absurdo que se argumente com a crise económica para criticar a greve, enfim, que fique claro: eu respeito a legitimidade da greve e não ponho em causa a de ontem nem nenhuma outra.

Isso não significa que pessoalmente adira à greve ou que entenda que ela tenha algum efeito.

Não aderi, pelas razões expostas – e, entre nós, sinceramente, porque acho uma forma de luta ultrapassada e com poucos ou nenhuns resultados práticos. Mas (lá está...), também não tenho forma de luta (e/ou pressão) alternativa para sugerir, e não tenho a violência como saída para qualquer crise... Assim sendo, mantenhamos a greve como única forma de manifestar revolta e oposição à governação. Tudo bem. Uns alinham, outros não – é a boa da liberdade...

Sejamos, porém, meridianos: não consta que haja um responsável político, um gestor, um governante ou ex-governante, um deputado, um só que seja, que tenha sido prejudicado pela greve de ontem. No final do mês receberão todos os mesmos salários, as suas empresas funcionam como se nada fosse, e o Governo continua legitimamente em funções, eleito que foi com maioria absoluta há menos de meio-ano. A crise está como estava e as medidas de austeridade são as mesmas.

Qual foi então o efeito prático da greve?

O que é que mudou?

Que portas abriu?

Estou aqui e não vejo nada. Se alguém vir, por favor ilumine-me...

24
Nov11

Fazer parte do problema

A educação dos meus pais, dos meus melhores professores, e até uma breve passagem pela juventude comunista na adolescência, ensinaram-me que a critica presume a alternativa. O “não porque não” pertence à infância.

Se entendo que algo é condenável, criticável, ou constitui uma medida que vai contra o que acho razoável e justo, tenho o dever (não é uma obrigação, claro, embora eu a sinta como tal...) de ter alternativas e soluções melhores.

É a velha história do tipo que entra no gabinete do chefe e diz:

- Chefe, temos um problema!

- E tem solução para ele?

- Não, chefe.

- Então você faz parte do problema.

Ora bem. Eu não tenho solução melhor para o momento que vivemos do que a maioria das respostas que o Governo lhe está a dar. Não é uma questão de estar de acordo ou de “desejar” – é um problema de falta efectiva de alternativa.

Que me custa? Custa.

Que vivo do meu trabalho e vivo hoje pior do que há cinco anos? Vivo.

Que gostava de ver julgados e penalizados aqueles que nos aldrabaram ao longo de anos e anos, conduzindo-nos direitinhos ao abismo? Gostava.

Mas que não vejo outro caminho, salvo em aspectos pontuais aqui e ali menos bem cuidados? É isso, não vejo.

É por isso que não participo na Greve Geral. Só participaria se pudesse dizer: o que está a ser feito é mau, mas olhem que eu tenho aqui muito melhor.

Não tenho. Não vejo quem tenha. Infelizmente.

22
Nov11

Sobre o Fado

 

Esta vai ser a semana da "overdose" de fado - à espera da palavra mais que esperada da Unesco.

Lá no Hotel Babilónia também vamos dedicar-nos ao tema, mas eu antecipo já o fado que me enche as medidas - afinal, onde está a canção que me abriu os ouvidos ao fado, e onde está o que, sendo pelos puristas desconsiderado, ainda assim é fado para mim, que não sou purista, apenas pessoa:

 

Um homem na cidade.

De José Luis Tinoco e Ary dos Santos, para a voz mais que perfeita de Carlos do Carmo. Olhem-me a letra:

 

Agarro a madrugada
como se fosse uma criança,
uma roseira entrelaçada,
uma videira de esperança.
Tal qual o corpo da cidade
que manhã cedo ensaia a dança
de quem, por força da vontade,
de trabalhar nunca se cansa.
Vou pela rua desta lua
que no meu Tejo acendo cedo,
vou por Lisboa, maré nua
que desagua no Rossio.
Eu sou o homem da cidade
que manhã cedo acorda e canta,
e, por amar a liberdade,
com a cidade se levanta.
Vou pela estrada deslumbrada
da lua cheia de Lisboa
até que a lua apaixonada
cresce na vela da canoa.
Sou a gaivota que derrota
tudo o mau tempo no mar alto.
Eu sou o homem que transporta
a maré povo em sobressalto.
E quando agarro a madrugada,
colho a manhã como uma flor
à beira mágoa desfolhada,
um malmequer azul na cor,
o malmequer da liberdade
que bem me quer como ninguém,
o malmequer desta cidade
que me quer bem, que me quer bem.
Nas minhas mãos a madrugada
abriu a flor de Abril também,
a flor sem medo perfumada
com o aroma que o mar tem,
flor de Lisboa bem amada
que mal me quis, que me quer bem.

Oiçam aqui.

19
Nov11

O príncipe encantado existe

(Crónica originalmente publicada na revista Lux Woman. Já está à venda a deste mês...)

 

Estava a ler uma crónica da Inês Pedrosa sobre um presumível declínio do casamento, da Ásia à Europa, e de como esse facto pode ser de tal forma desagregador da sociedade que, no limite, poderia conduzir ao aumento da criminalidade porque, citava a escritora um texto da revista The Economist, “o casamento socializa os homens: está associado à diminuição do nível de testosterona e á diminuição dos comportamentos criminais”. Apoiada por uma série de dados estatísticos, e juntando-lhe uma nuvem negra sobre a vida das mulheres, Inês rematou assim: “As mulheres já se habituaram a ser os seus próprios príncipes encantados, voando livremente nos seus cavalos brancos”.

Eu gosto da Inês Pedrosa, de quem já fui amigo, colega, e hoje sou leitor - mas fiquei triste, para não dizer desolado, com esta final “não feliz”. Como se tivesse cinco anos e me dissessem que as crianças, por fim, perceberam à nascença que o Pai Natal não existe. Como se um padre dissesse ao casal, no momento da troca de alianças, “esqueçam lá isso do casamento para a vida, que a estatística é da terra e Deus mora longe”. Como se a escola de magia de Harry Potter não existisse em Hogwarts.

Desanimei, confesso. Uma coisa é sermos sensatos e realistas, vivermos com os pés na terra, termos a capacidade de destrinçar o sonho da realidade. Outra, bem diferente, é abortar o sonho antes mesmo de nascer.

A Inês tem toda a razão do mundo quando nota que o acesso da mulher ao mundo do trabalho não foi acompanhado das mudanças de estatuto que reequilibrariam o universo familiar – e daí, se pensarmos bem, a paridade não ser mais do que um novo desequilíbrio que obriga a mulher a ser super-mulher caso queira cumprir todos os requisitos que lhe recomendam a sociedade. Mas essa circunstância, que é a guerra dos sexos para o século XXI, não pode matar o prazer do sonho: é claro que os príncipes encantados, com cavalo ou de autocarro, somos nós para os outros – não podemos ser nós para nós próprios. Não podemos, Inês!

Há coisa mais triste e desoladora do que descartarmos sumariamente o mistério do que um dia achámos que pode estar ao virar da esquina (ou no Facebook, que parece que fica mais perto...)? Há pior do que conhecer alguém e perder o momento inicial e único daquela primeira noite em que não conseguimos adormecer não pelo que acabámos de conhecer, mas pelo que queremos adivinhar que pode vir a ser quem acabámos de conhecer?

A ideia pirosa da “criança que há dentro de nós” não é mais nem menos do que o prolongamento dos sonhos, das ilusões, dos mistérios e da capacidade de imaginar o que seria a vida se a vida fosse o que a cada momento quiséssemos que fosse. Essa ideia cresce connosco e vai ganhando novas formas, novos contornos, acompanha-nos como uma luz e uma inspiração. Talvez seja mesmo, no fundo, o que nos move. E é tão bom.

Se um dia baixamos os braços e reconhecemos que somos os nossos próprios príncipes encantados, talvez tenhamos chegado ao fim. Tenho a certeza de quem nem a Inês, romântica desde sempre, escorregou nessa armadilha da vida. E por isso, prolongando o sonho para lá da vida, vou rescrever o final daquela crónica da Inês Pedrosa. Vai ficar assim: “as mulheres já se habituaram a serem princesas encantadas, mesmo quando os príncipes se atrasam ou não conseguem estacionar os cavalos brancos em zonas autorizadas pela EMEL”. Pode ser, Inês? Tem realidade dentro, mas mantém o sonho no seu melhor lugar.

18
Nov11

Coisas mesmo fáceis de tornar difíceis

No espaço rigoroso de uma semana eu convivi com a história de dois irmãos que se conheciam e não sabiam que tinham o mesmo pai, de um casal que se conheceu e em trinta dias começou a viver junto e casou civilmente, e de uma mulher que descobriu que um seu familiar, padre, era amante de um amigo da família.

Além disso, o Duarte Lima.

Não esquecendo o Renato Seabra.

Eu próprio não me sinto lá muito bem.

Mas tenho a certeza: a gritaria das novelas (que eu não consigo ouvir mesmo...) não apenas faz sentido como está muito bem escorada. É a vida tal e qual existe. Não espantam as audiências.

E explicam mais coisas: a “Casa dos Segredos” e o programa dos Gordos é para nos distrair de tanta realidade, com a mesma realidade mas a fingir que é ficção.

É muito rebuscado, eu sei. Mas é mais ou menos isto.

16
Nov11

O relatório, as bananas e os macacos

Dei-me ao trabalho de ler as 32 páginas que constituem o “Relatório do Grupo de Trabalho para a definição do conceito de serviço público de comunicação social”.

É no mínimo desanimador verificar que o Governo criou um Grupo de Trabalho formado maioritariamente por pessoas que pouca ou nenhuma relação têm com o universo dos Media, e que nalguns casos têm demonstrado, ao longo dos anos, a sua santíssima ignorância sobre esta área (convém não esquecer os manifestos públicos de Eduardo Cintra Torres, quando vendia antenas parabólicas, contra a televisão por cabo, considerando-a condenada ao fracasso...).

Mas é mais confrangedor e triste verificar que aqueles senhores reuniram semanalmente durante seis meses para chegarem a conclusões que parecem resultar de uma conversa de café, uma espécie de “eles são todos iguais, vamos mas é por ordem naquilo”...

Não há, no documento, argumentos, dados, exemplos, casos de sucesso internacional, que sustentem as ideias apresentadas, a não ser uma obsessão com aquilo a que chamam a “intervenção ilegítima ou eticamente reprovável dos diferentes poderes nos serviços de informação da rádio, TV e agência noticiosa do Estado”. Para acabar com essa intervenção, a sugestão é tão minimalista quanto absurda: acabe-se com a maioria da televisão do estado e reduza-se a informação ao mínimo. Eis o tecto criativo do Grupo de Trabalho: em vez de curarmos a doença, matamos o doente.

Ou seja: em vez de resolver, caso exista e se manifeste, a pretensa intervenção dos poderes nos meios, criando mecanismos legais que a impeçam, limitam-se os meios e está o assunto arrumado.

O relatório tem momentos para rir – como quando se escreve que a solução Televisão Digital Terrestre “irá provavelmente (...) servir apenas uma parte reduzida da população, recorrendo grande parte desta a plataformas pagas para efeitos de acesso a conteúdos televisivos e também radiofónicos”. Confesso que nem na Casa dos Segredos ouvi alguém dizer que paga para ouvir rádio...

O relatório tem momentos para chorar – como quando se defende “que os conteúdos prioritários em língua portuguesa são”, entre outros, “entretenimento criterioso, enriquecedor ou alternativo”. Cheira-me que o Governo vai ter de criar um Grupo de Trabalho para definir o que é “entretenimento criterioso, enriquecedor ou alternativo”...

O relatório tem momentos absurdos – como quando pretende que “os conteúdos noticiosos do operador de serviço público de rádio e televisão sejam concentrados em noticiários curtos, sejam limitados ao essencial e recuperem o carácter verdadeiramente informativo, libertos da crescente dimensão subjectiva e opinativa no jornalismo”. Como se o simples critério de escolha de noticias não fosse já, em si, subjectivo, como se todo o jornalismo pudesse ser “verdadeiramente informativo”. Como se o jornalismo do futuro não radicasse justamente na diversidade de olhares, abordagens, formatos e soluções. Nem um jovem estagiário escreveria esta história da carochinha.

Por fim, o relatório é achincalhante para a classe jornalística que, quer o Grupo de trabalho queira ou não, fez e faz da RTP uma referência de tal forma reconhecida e respeitada pelos espectadores que, nos momentos cruciais – grandes acontecimentos, noites eleitorais, etc. – lhe dá sempre o primeiro lugar nas audiências. O Serviço Público de Televisão tem muitos problemas – que todos eles fossem a informação e o jornalismo praticados, e poderíamos viver felizes.

São apenas alguns exemplos. Aquelas 32 páginas já têm o seu lugar na História da Asneira Nacional – que, como sabemos, é livre, mas podia bem ser poupada pelo Estado. É um lamentável momento da nossa vida democrática e, a ser seguido e aplicado, arrisca-se a ser objecto de estudo nas Universidades, daqui a 100 anos, como um exemplo do atraso português no começo do século XXI.

Não percebo o que andaram aqueles senhores a fazer. Seis meses vezes quatro reuniões mensais e milhares de mensagens electrónicas trocadas (está lá tudo explicado). Uma trabalheira para parir um aborto...

... Mas agora que me dizem que ninguém pagou um cêntimo àqueles senhores, percebo melhor o que li. Como dizem os brasileiros, quem paga em bananas recebe macacos. Deve ter sido isso.

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Blog da semana

Gisela João O doce blog da fadista Gisela João. Além do grafismo simples e claro, bem mais do que apenas uma página promocional sobre a artista. Um pouco mais de futuro neste universo.

Uma boa frase

Opinião Público"Aquilo de que a democracia mais precisa são coisas que cada vez mais escasseiam: tempo, espaço, solidão produtiva, estudo, saber, silêncio, esforço, noção da privacidade e coragem." Pacheco Pereira

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